Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Fernando Pessoa com o pseudônimo Alberto Caeiro em Tabacaria!
Se pensarmos bem tudo é inútil, viver é inútil, trabalhar é inútil, estudar é inútil, pensar é inútil, amar é inútil, viver em sociedade é inútil, manter esse blog é inútil, eu sou inútil! Mas, gostamos de acreditar que tudo é útil! Viver é útil, trabalhar é útil, estudar é útil... Ah você entendeu!
Talvez essa nossa necessidade de achar que tudo é útil, quando tudo é inútil (eu não agüento mais escrever essas duas palavras) esteja no desejo de afirmarmos que nós somos sãos, uma maneira de não termos de confrontar nossa loucura, nosso silêncio, nosso interior. Então, preferimos nos distrair com tudo isso a ter que ver a verdade. Somos todos loucos!
Tal sentimento ou pensamento ou estado de ser, é muito bem compreendido e visto quando nos distanciamos de todas as coisas aparentemente úteis de nossas vidas, notamos que conseguimos ainda viver, mas notamos também que somos loucos. Tal exclusão, muitas vezes faz com que nos sentimos animais, nossos pensamentos nos infernizam, nossos sentimentos nos exterminam e a cada momento, a cada minuto neste estado totalmente inútil, faz com que conhecemos uma parte sinistra de nós mesmos, que nós nunca tivemos tempo de ver antes, enquanto fazíamos coisas úteis.
Mas, são essas inutilidades que proporcionam certo sentido na vida, que nos faz sentir alguém, que nos enche de títulos, de sentimentos e pensamentos, grande parte do nosso prazer residi nessas inutilidades. Se partindo desse ponto e dessa visão, tudo o que você faz tem que ser um divertimento, um prazer. Assim as coisas ganham um certo sentido, ainda que inútil.
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