#TheGame23 - Enter the Infinite Rabbit Hole





What is #TheGame23?

"It is what it isn't though that isn't what it is and like I've always said I think that it's exactly what you think it is. If you believe it is whatever someone else told you it is then you're doing it all wrong because you're the only one who could possibly know what it is." - zed satelite nccDD 23 ksc


Project 00AG9603 - #TheGame23 mod 42.5 level 5

"00AG9603 develops as a self-organizing organism, connects with the virtual environment through its hosts (admins) by arranging the surroundings randomly for its own autonomous purpose" - Timóteo Pinto, pataphysician post-thinker





00AG9603 Dataplex LinKaonia Network

00AG9603 Dataplex
Aaní – Memetized Chaos
#fnordmaze
Galdrux
Mermeticism and the Post-Truth Mystic
Discordian Babel – a collection of different interpretations on Discordianism
#QuantumSchizophrenia
Neoism/Anti-Neoism/Post-Neoism/Meta-Neoism/Hyper-Neoism
The Omniquery Initiative – How To Save The Universe – an incomplete tutorial
A Call to Weirdness - Operation D.I.S.T.A.N.C.E.
Cosmic Liminality - The Space Between
00AG9603 Forum
00AG9603 Hyper-Surrealism



Hyper-Surrealist Fnord Agency


KSTXI Dataplex


Know more, Understand less



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sexta-feira, dezembro 21, 2012

Arquivo X : Feliz Natal, Noel.


 
HO HO HO HO HO HOOOOOOOOOOOOO

Invasão ao castelo de Noel




Ao Velho Noel (Bola na arvore) *

Pelo sagrado milagre de minha imortalidade, neste pedaço de papel eu lhe envio um aviso prudente. Não sei quando e nem como, mas uma criatura de outro planeta e de outra Mãe Natureza, má de tudo e sem sentimentos, vai atacar seu lar. Tratou de dar cabo de meus pêlos e minha sagacidade. Reconheci o corno singular que sai do pulso. Atrocidade! Fui levado até sua nave e vi uma lista reveladora e trágica. Há alusão a tua figura. Deixo-te como posso o aviso. Espero que chegue pela Cegonha.

Coelhinho da Páscoa (Patinha de neve) *



Vindo da galáxia anã “Grande Nuvem de Magalhães”, Mantú retorna ao planeta Terra. Ele segue em direção ao Pólo Sul para dar continuidade a sua lista de caça.

________________________________________

ףּ⌡۝
Jesus Cristo ⌂ ┼ ﻻ ﻹ ﻵﻍ ﻊ ﻒ ﭢהּ שּׁ ◙
Ghandi ⌠⌡◘ Ludwig Bonaparte Winston Colombo Da Vinci
Charles Darwin Diana Dickensﻍ Walt Disney Edison Albert E = MC²
Federico Fellini ﻍBenjamin Sigmund Galilei Hendrix
Alfred Hitchcock Adolf Ж Houdini Michael Jackson Kennedy Luther King
Kubrick Vladimir Lenin Lennon שּׁ Vurukatte Abraham Marley Michelangelo
Wolfgang Amadeus Deus◙ ﭢ Paul Newmanﻍ Louis Pasteur Picasso
Platão Aristoteles Poe Grigorij Rasputinﻵ Rembrandtﻍ Shakespeare Josef Stalin Teresaﻍ Nicola Tesla שּׁ Twainﻍ Vincent Van Gogh Orson Welles Malcolmﻵ ﻵ Azazel Lúcifer Gang do Lixoﻵ Curupira Kappa Lymantrid Moth Coelho Pascoal
Papai Noel (São Nicolau, Nicolas, NOEL ⌂ הּ) Ж Julian Assange Ж Roussef



Ỗٯلفאָ ףּ⌡۝۞۩
Mantú

________________________________________________________________

Planalto Antártico – 3. 247 metros sobre o nível do mar - 23 de Dezembro

A nave pousa e derrete a neve macia ao redor do seu perímetro. A superfície contém inscrições em diversos idiomas, riscados ao lado de pictografias primitivas e hieróglifos. Na parte de cima, há uma estrela de quatro pontas preenchida por uma cabala de doze casas, representando os signos do zodíaco.

O caçador extraterrestre salta de dentro da estrutura, pisando levemente na neve. Com a certeza de estar oculto, volteia o corpo com uma manta escura. Encurva-se e parte em direção as parcas luzes que bruxuleiam no horizonte. A neve floca no ar sem intervalos. Mantú ajoelha e afunda as coxas no terreno até a cintura. Fecha os olhos e pensa a respeito da posição das estrelas, a temperatura, o sabor e a intensidade da neve. Ele segue em frente até beirar um pequeno penhasco. Avista no centro do planalto um castelo de pedras ovais.

Treliças estaqueadas no chão contornam o castelo solitário. Mantú resvala as pontas da cerca com a palma das mãos e, utilizando sua altura, atravessa com facilidade para o lado de dentro. Ao tocar o solo, os pés não afundam como o esperado. Raspa a primeira camada de gelo e observa o próprio reflexo. Está em um lago congelado que contorna todo o planalto. O corpo esguio move-se com a articulação em espiral. Um pequeno tornado alienígena avança rumo ao primeiro portão.

Na torre Pai Natal, o Menino Confete, anão mais novo da família dos Bardos, maneja um binóculo com destreza, acompanhando o movimento do espiral que surge na extremidade norte do lago. Sem tirar o tubo dos olhos, pressiona dois botões no painel e brada a plenos pulmões:


“No extremo da cercania/
um estranho espiral surgia/
Observem nas torres o fenômeno/
acordem quem já dormia/
será que dessa moda/
Noel já sabia?”.


No dormitório Chocolate, ainda sonolentos, os anões Bardos escorregam de suas camas e correm em direção a Maximizada Janela Rotacional.

– Confete não cantou o lado que vem o tal espiral. – Diz Selanofix, erguendo sua ceroula listrada até os joelhos.

– Vamos dar uma panorâmica. – Decide o Eterno Aprendiz Sardentinho.

O teto ergue-se por quinze metros e a sala alarga-se por mais quinze e começa a girar lentamente. Na metade da primeira volta os anões Bardos observam a escuridão da noite. Neste tempo, adentram a sala os duendes de Raiz, ouriçados com a perturbação do dormitório subterrâneo.


– Calem-se, verrugas. Olhem para aquilo. – Impera a anã Cenoura.

Ao completar a rotação, presenciam de frente o tornado.

– Aquilo é uma força da natureza. – Observa Minarete, o duende místico.

De volta à torre Pai Natal, anão Confete aumenta o foco de seu binóculo e pressiona novamente o painel.

“Quero avisar/
Há esta hora/
Melhor acordar/
Aquela coisa tem braços e pernas/
Como pôde nos encontrar?”.


Na Maximizada Janela Rotacional, agora lotada, as famílias discutem.

– Está no limite de entrada.

– Confete tem razão. Um intruso.

– Pode estar perdido.

– Ele é grande. Não parece humano.

– Avisem Noel.

Mantú cessa o avanço. Em frente da passagem principal, fecha os olhos e inspira. Do punho direito cresce um chifre espiralado e pontiagudo. Dois braços de neve imediatamente abraçam o extraterrestre. Um extremo frio congela sua pele lisa e prateada. Mantú liquefaz o corpo e entra por inteiro no grande boneco de neve que o ataca. A bola de neve, com ameixas secas no lugar dos olhos e um ramo de cipreste fazendo às vezes de nariz, salpica neve numa tremedeira involuntária. Ressurge o caçador, banhado de água.
O intruso crava o chifre na porta principal que cintila intensamente junto à energia do espiral de osso. A estrutura vai ao chão com um estalo seco, partida ao meio. No Quarto Magno, Papai Noel termina de colar a última placa de madeira no vagão em forma de gôndola de sua miniatura ferroviária. Ele suspira e retira os pequeninos óculos dourados. Na borda da janela embaçada, uma miniatura de boneco de neve derrete em velocidade.

– Quanta maldade! Não é homem, não é mulher. Não é animal. É o mal, é o mal.

Maximizada Janela Rotacional

– Pelos meus minérios! – Exclama o duende Caracoles. – A criatura extinguiu Bruno Floco de Ameixa.

– E invadiu nosso lar! Armem as defesas.

– Não esperava enfrentar inimigos desde os trigêmeos Mathiesen. – Sussurra Honorário Elias, o vovô pigmeu.

Anões. Centenas de anões. Todos correm de um lado ao outro nos grandes corredores do complexo. Num dos galpões, Esmir, o gigante, puxa com esforço a alavanca “Pão de Mel”. Todas as paredes de aço estremecem e o chão de carpete felpudo ondula com vida própria.


– Começou?

– Acione a esteira do galpão Estrela.

– Os brinquedos estão a salvo!

– Bom trabalho, Esmir.

– Debalexa! Organize os menores e leve-os para as Nozes de Marzipan.

– Confete! Acione a oitava faixa do Vesúvio.

A sinfonia de violino intercala gemidos com trovoadas. A luz do complexo em meio tom.

– Sinistro! Há! Boa peça pregará. Boa peça.

– Silêncio Borma. Agora o temos encurralado.

– Temos, é? 
A descida da alavanca “Pão de Mel” muda a estrutura da fabrica. A música horripilante, o chão que ondula e o labirinto de corredores. Tudo feito para proteger os três corações: Sala de Brinquedos, Sala de Cartas, Casa de Sonhos.

– A coisa vem pela espinha principal. Fiquem atentos!

Mantú anda rápido. A ilusão causada pelo movimento do chão não o perturba. Ele ergue a cabeça ao ouvir uma voz de barítono ecoar pelo corredor, vinda com um vento quente.

“Vá embora. Vá embora.”

E o vento quente aumenta a vazão. O caçador rasga como papel a parede à sua direita, com o poderoso chifre.


Sala de Brinquedos


Imóvel por um longo tempo, Mantú observa o setor onde acabara de entrar. As paredes verdes e aveludadas cospem sem parar muitos brinquedos, dos mais variados, em tamanhos e cores diferentes. Ao tocarem o chão, púrpuro e arenoso, as formas se evanescem por completo. Muito acima, o teto dá luz a um dragão verde e reluzente, que ao contrario da infinidade de brinquedos, não desaparece quando chega à altura de Mantú. Ele envolve o corpo esguio do invasor, soltando vapor em sua face. Mantú firma um dos pés na coxa do monstro e impulsiona o corpo pelas suas costas, riscando a carapaça da criatura com o chifre.
A asa esquerda do dragão atinge o ombro esquerdo de Mantú, e este cai de joelhos. O chifre cintila e é cravado na cauda da fera. Das escamas verdes surge um gladiador com o dorso nu e um elmo negro. As asas recrudescem e em seu lugar brotam braços fortes, manejando uma espada e um machado, respectivamente. Mantú enrola-se na capa e vai de encontro à aparição guerreira. O machado trisca o ventre do alvo e a espada trisca o chifre brilhante.

O gladiador chuta o peito de Mantú e retoma a posição ofensiva, bradando a espada de um lado ao outro. Ele arremessa o machado e salta. Mantú rodopia para trás e crava sua arma na nuca do brutamonte. O sangue espirrado toma forma no ar e se agrupa como um cachorro de três cabeças. A pelagem, os dentes e os olhos; o vermelho predomina intensamente. O Cérbero abocanha com três mandíbulas o dorso do caçador. Ele liquidifica o corpo e se emaranha nos pêlos do selvagem animal, que é absorvido por completo e cuspido como uma bola disforme. Mantú retoma seu corpo trincado.

Blocos grandes e coloridos despencam do teto. Caem aumentando a velocidade e suas configurações complexas. Mantú galga os blocos com destreza até a abertura, mas sua perna esquerda não escapa de uma peça dobrada e fica presa entre as figuras. Resvalando no estranho teto, ele retorce o corpo ao sentir labaredas descendo ao seu lado. O fogo fulgura do pescoço incompleto de um quadrúpede branco que desce pela abertura. A mula lustrosa emite um relincho abafado do peito e a ventosa de fogo arde com intensidade. Em seu lombo há um samurai com a cabeça de uma raposa, manejando quatro adagas. Mantú usa o chifre, que rutila inda mais forte que anteriormente e causa uma explosão que o leva para um patamar acima, perpassando a estranha sala e deixando para trás e em pedaços, todas as ameaças.

Sala de Cartas

O antropomorfo usa os sulcos do trançado de sua arma mágica e cura a pele aberta da perna esquerda. Recomposto, ele afunda os dedos na coluna de cera do escuro ambiente onde acabara de se refugiar. Um tacho de fogo é aceso no topo da coluna. Brilha a vela corpulenta que clareia uma esfera bem definida em seu contorno. 

“Oi papai Noel eu tenho oito anos minha mãe pediu pra eu escrever para o senhor. Eu tinha um boneco do vovô me deu, ele fez com o galho da arvore de jabuticaba. E eu perdi ele. Se o senhor puder achar eu queria mostrar pra mamãe. Eu não queria perder o boneco que o vovô deu. O vovô já foi para o céu. Eu sempre me comporto o ano todo, ai nesse ano papai Noel o senhor pode mandar o boneco junto com o carrinho de ferro que o Pedro da escola ganhou do tio dele eu quero um pra brincar junto e com o boneco também. Ta bom? Obrigado papai Noel .
Feliz Natal.
Lucas “

“ Este ano eu vou acordar no natal e ver você papai Noel. Daí não fica com medo por que vai ser eu. E eu quero uma arma igual a que minha mãe mexe no quarto dela. Daí meu pai disse que os vermes do vizinho que fala engraçado não vai nunca atrás de mim. Beijo papai Noel .
Alécio
12, novembro 1972”

“ Pai Natal , boa noite para o senhor. Sei que mora muito longe e é muito frio e eu não quero te aborrecer. Minha irmã ta com muito frio também. A mamãe colocou ela numa caixa. Você pode dar uma coberta pra ela e eu quero uma boneca.
De Ana.”

“São Nicolau, traz tua luz generosa nesta passagem tão bela. Que o amor espalhe sua benção por toda a eternidade. Amém.

Cristina P. Gaudério

1898"


Papai Noel termina de ler a última carta e a joga na imensa pilha ao seu lado. Sua aparência é de um adolescente de cabelos castanhos despenteados. Os olhos estão mareados por conta da difícil leitura das letras miúdas. Ele levanta de cima de um monte desorganizado de envelopes e escorrega para baixo.
A voz de Mantú enlaça a obscura sala:

– Creio poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo. ¹

A voz de Papai Noel responde em tom maior e apaziguador:

– Em uma vasilha, faça uma bola rasa com cem gramas de farinha de trigo, o fermento e um pouquinho de água. Deixe descansar por quinze minutos. Após o descanso, adicione frutas secas e as uvas e faça uma massa bem macia. Deixe descansar uma vez mais, coberta por um pano. Após este descanso, faça bolas cheias e fofas, coloque em formas e deixe descansar novamente até quase atingir o dobro do tamanho. Após tudo pronto, pegue uma lâmina, faça os cortes em formato de cruz em cima de cada panetone, puxe as abinhas para fora e coloque por cima uma colherinha de manteiga sem sal. Leve para assar em uma forma de papel. Reparta com os amigos. Pois é de amigos que tudo se trata.

Mantú passa os dedos afiados sobre o queixo pontiagudo, ressabiado com o assunto.

– O tumulto é a linguagem daqueles que ninguém entende. Se a história ensina alguma coisa, é que o mal é difícil de vencer, tem uma resistência fanática e jamais cede por vontade própria. ²

Noel altera sua forma humana, de um jovem esbelto, o corpo assume feições de um adulto corpulento; de rosto corado, os olhos verdes e fulgurantes a fitarem com grande luz o impiedoso invasor.


– Misture leite condensado e leite de vaca. Bata na tigela, com um garfo, os ovos de galinha selvagem. Esquente uma panela de ferro cheia com óleo, mas não deixe ficar tão quente. Passe as fatias de pão amanhecido na mistura de leite e depois nos ovos batidos. Frite até dourar de ambos os lados. Passe no açúcar com canela. Agradeça seus pais por tudo que você é e coma com a gula livre de remorsos.

O caçador extraterrestre se atraca a coluna de cera da vela gigante e a derruba em direção as cartas.

– Eu acredito em tudo, até que seja contestado. Assim, eu acredito nas fadas, nos mitos e em dragões. Tudo existe, mesmo se estiver só em sua mente. Quem é que poderá dizer que os sonhos e os pesadelos não são tão reais quanto o aqui e o agora? ³

Papai Noel sopra a ponta em chamas da vela antes dela cair por sobre os papéis amarelados.

– Tempere um gordo Peru com todos os temperos que tiver em seu jardim. Deixe-o, já de véspera, enterrado na neve, de molho nos temperos, virando-o a cada quatro horas. No dia seguinte, prepare o recheio com castanhas portuguesas cozidas, uvas passas, manteiga, farinha, miúdos e recheie o peru. Com cuidado para não encher demais o papo, costurando as cavidades. Prenda as pernas do peru uma na outra, decorando com papel recortado, preso com uma linha. Besunte-o todo com manteiga e o ponha na assadeira, de papo para cima. Cubra todo o peito com fatias de bacon divino. Regue com vinho branco italiano. Cubra com um papel alumínio e leve a assar em forno de lenha. Após uma hora e meia, descubra-o, regue com o caldo da assadeira e volte ao forno ainda coberto. Uma hora depois, descubra-o e deixe até que tome um tom dourado escuro, regando, a cada quinze minutos, com o caldo da assadeira.

Papai Noel retira uma pequena trouxa com Pó Saltitante e a arremessa no chão. Suas botas brilhantes sapateiam e toda a grande barriga de Noel chacoalha de encontro a Mantú. Os dois rolam pelo chão com o impacto. Noel espreme o caçador contra o chão. O corpo cinza derrete no solo de cartas e desaparece. Uma passagem em arco, feita de paçoca, abre-se e do recinto reluz um jogo de cores embaralhadas. As renas gigantes avançam em marcha e são interrompidas pela voz de seu amigo:

– Afastem-se. Está dentro de mim.

Toda a família natalina se reúne na Casa de Sonhos.

– Venha pra cá, Nicolas. – Grita Jenipapo, o duende da Folha.

Casa de Sonhos

Papai Noel retira outra trouxa da cinta e salpica Pirlinpinpin pelo corpo. Sua fisionomia muda diversas vezes. Ora Noel, ora Mantú, ora duende, ora anão. Numa luta solitária de feições retorcidas, ele flutua até a Casa de Sonhos.

– Tranquem a porta! Isso acaba aqui! – Exclama Selanofix, afastando os presentes em um grande circulo.

O chifre no punho de Mantú rasga o peito de Noel e o corpo parasita cambaleia para fora. Papai Noel emana uma luz branca de todo o corpo, recompondo-se por inteiro. Sua mão firme agarra o chifre em espiral.

– Teu pensamento revela o extremo da abominação.

Mantú urra de dor enquanto o chifre vibra com um ruído de pistão vindo de dentro do seu corpo extraterrestre. O punho é destroçado com o nascimento de um crânio comprido. O antebraço é partido ao meio e o corte sobe até o ombro. A forma presa ao chifre revela uma cabeça de cor rosa e olhos de um azul profundo. O sangue negro do caçador jorra sobre Noel. Renasce o unicórnio, abrindo Mantú ao meio.
– Bem vindo à vida. Uma vez mais, magnífico Vurukatte.

Como uma harpa mágica, o unicórnio relincha, inclinando-se em reverência ao Papai Noel.

– Nicolas, encontraram uma nave. – Desabafa Debalexa, esbaforida.

Anões, duendes e gigantes circundam o corpo destroçado de Mantú.

– Chegamos à véspera de Natal, família querida. Empacotem a carcaça da criatura e carreguem meu trenó. Quando eu retornar, exploraremos a nave. Refaçam Bruno Floco de Ameixa e desliguem as armadilhas do castelo. O pior passou. Não me esperem para a ceia. Vou jantar com o Patinha de neve.

Papai Noel retoma sua forma de criança e sai correndo pelos corredores, desejando Feliz Natal a todos que lá se encontram.

¹ Mahatma Gandhi ² Martin Luther King
³ John Lennon

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Senhora Mixtape Vol. 1



SE VOCÊ NÃO TEM TEMPO DE DESFRUTAR A EXPERIÊNCIA COMPLETA, NÃO SE PROPONHA A ESTE BOCADO!

ლ(ಠ益ಠლ)

23h30min へへへへへへへへ  Inicio de passeio



Alô, felizardos da sintonia Minini. “Olé”, para quem aguarda a transmissão mais feroz dessa noite! Viajantes temporais liguem seu aparelho hora-dimensional e comecem a dedilhar essas cordas com tesão. “Olé”! Sincronizem este horário no visor, pois agora vamos acompanhar um bando de bananas, otários de grife numa velocidade tremenda.

Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, bem vindos os bem-aventurados de espírito, que não se importam em uma quadrilha de assaltantes de banco utilizar uma porra de um Ford Tunderbird Stock vermelho para realizar seus feitos criminosos. A estética é absolutamente vital. A história é plástica e eu sou uma dama muito, mas muito, pirueta das idéias. No entanto, vá lá você, saiba que o relato é real, é vital e o racha fedeu no final. É questão de tempo, você vai ver/ler, este tempo é cronometrado, pois a vida tem dessa sincronia caótica. Então é assim, no tempo real da coisa, dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe:




O carro do Danilo Gabarem está preparado para ser a maquina mais potente da estrada dos Elmos, uma estrada com 10 km de extensão, deserta e utilizada em corridas clandestinas já há muitos anos. Mal iluminada, serve como um antigo acesso a cidade de Montafa. Esta noite ela recebe apostadores e uma platéia alucinada por álcool e drogas, todos ansiosos pelo deslize dos carros na pista. Danilo Gabarem dirige um Nissan branco surrado pela ação do tempo. Encarando o rosto de Danilo, está o “barbado Sem Nome” roncando o motor de seu Opala vermelho, bem aconchegado no banco de vinil branco. Faltam dois minutos para a largada, para o racha mais febril da região.

Olé! Tenho uns dados para apresentar para vocês, saquem só como são as coisas:


Objetivo: chegar à entrada da cidade de Montafa (Final da Estrada dos Elmos).
Recompensa: Honda Civic Si.
Bônus: Dinamômetro para diagnostico de desempenho e dez mil dólares, somente se um dos competidores for destruído durante o trajeto.



Restam poucos segundos antes da largada para Danilo Gabarem por em prática o seu vicio. Ele abre o porta-luvas e retira uma chapinha de metal junto com um pequeno cilindro de alumínio, despeja o pó branco e o organiza em três fileiras na chapa. Aperta a narina e aspira rapidamente. Os olhos estalam e a coragem flui; é a cocaína que chega ao seu cérebro esburacado. Na palma da mão esquerda um papel do tamanho de um confete com um leão impresso num dos lados. Bota o papel no fundo da língua e dá a partida.

22h50min へへへへへへへへ O carro da morte

Quarenta minutos antes, no centro da cidade de Morsei, Eva Ritinha sofre um ataque epilético na calçada em frente a sua loja de doces. Com espasmos violentos, salivando e de olhos virados, ela tomba com violência no meio fio. A pequena cidade de Morsei dorme quase por completo e o único centro hospitalar entrou em greve há mais de uma semana. Abandonada sobre a calçada, Eva respira ofegante. Um furgão preto, com letras brancas enormes pintadas na lateral, encosta ao lado da senhora.
Sr. P. escorrega sua barriga imensa por detrás do volante com certa dificuldade e caminha em volta do furgão para auxiliar a senhora Eva.
– Minha senhora, muita calma, ajudarei no que puder.
– Eu tenho epilepsia e não tomei o medicamento esta noite. Estava a caminho de casa e tive um acesso. Respondeu Eva Ritinha, resfolegando e tentando se erguer sem a ajuda do estranho.
– Eu posso lhe ajudar, estou a caminho do hospital da cidade de Montafa.
Ao puxar um dos braços de Eva, Sr. P. notou a fratura na perna esquerda. O osso da velha senhora perfaz um “L”, repuxando a pele enrugada. Ela está em estado de choque e já não sente dor alguma.
– Levanto a senhora em meu colo e te coloco dentro do furgão, pois pela minha experiência, temos pelo menos quinze minutos antes que a perna piore.
– Piorar por quê? Disse Eva, com lagrimas e desconfiança nos olhos.
– A senhora fraturou a perna.
 Sr. P. fechou a porta e entrou rapidamente no furgão. Eva Ritinha inicia o trajeto rumo ao hospital de Montafa de uma maneira milagrosa e fúnebre, dentro do carro do IML, ao lado de uma pilha de cadáveres.



 23h47min へへへへへへへへ Luz no campo

A estrada dos Elmos é rodeada por um vasto campo de centeio que se perde no horizonte, nos dois lados da pista. Agricultores construíram suas casas de alvenaria em toda a extensão do cultivo, há muitas décadas. Hoje, o local está abandonado e sem qualquer iluminação, exceto por um gigantesco galpão de madeira com uma pequena casa acoplada em seu topo. Situado exatamente no meio do trajeto entre Montafa e Morsei, na beira da pista. Moradia de um humilde casal de agricultores  oriundos do sertão do país, que no auge dos quarenta e poucos anos, mantêm vivas as esperanças de riqueza e paixão através de discussões inflamadas.
– Desgraçada, vaca maldita. Tava se esfregando com quem na cidade? 
A loira de cabelos embaraçados caminha para trás em direção a janela.
– Tava não, com ninguém ué!
– Ouvi que não era assim. Toninho falou que sou corno, lá no bar.
Após calar-se por alguns segundos, a mulher balbucia:
– Você é um porcão. Eu dei pra outro mermo. Ele é doutor na cidade.
O homem, rústico, de botas, calção e uma regata surrada apertada contra sua barriga, bufa toda sua indignação, chutando caixotes de madeira espalhados pelo chão do quarto. A única iluminação da casa é provida por um lampião de querosene, que faz com que, vista debaixo, a janela de frente para a estrada dos Elmos se torne um farol e único ponto de referencia para toda escuridão que impregna o local.


22h30min へへへへ Os criminosos ardilosos

Estilhaços de vidro cobrem o chão do banco Royal na pequena cidade de Morsei. Os dois seguranças noturnos do banco estão amarrados e amordaçados, observando a movimentação de Zé Traquina e seus dois comparsas, Silú e Ed Grogue. Somando uma quantia de dois milhões em dinheiro fruto do trabalho rápido de coleta, o bando pula para rua estourando a vidraça da entrada, de modo a facilitar a retirada dos cinco malotes de dinheiro. Esse movimento dispara um alarme alternativo do banco. Em poucos minutos a policia vai cercá-los. Silú corre em direção a sombra, do outro lado da rua, para ligar o carro da fuga. Uma raridade e orgulho de Silú, um Ford Tunderbird Stock vermelho, de 1956. Os malfeitores entram apertados junto com o dinheiro; assim que o pneu canta no asfalto a policia surge com três viaturas, quebrando o silêncio da cidade com suas sirenes. A tarefa dos ladrões é despistar os carros e achar a melhor rota de fuga. O destino é a grande cidade de Montafa, onde se localiza o covil.


23h35min  へへへへへへへへ Duas máquinas

A traseira do Nissan patina de um lado para o outro, projetando o veiculo como um foguete em direção a escuridão da estrada. Dois segundos de vantagem em relação ao Opala. É o suficiente.
– Maldito, maldito, maldito. O sem nome, com a barba oleosa e escura gotejando no volante, pragueja enquanto troca as marchas.
O frio do asfalto extingue-se com a borracha quente dos pneus que percorrem o leito numa dança desenfreada, em velocidade absurda. A ânsia dos pilotos é carnívora, logo o canibalismo de seus carros surge com um ziguezaguear cego e objetivo. O Opala avança forte e irrefreável até colar a poucos centímetros do Nissan, desvairado e corajoso, ciente de sua tecnologia. As faíscas dão brilho à noite e os dois cavalos se tocam.


23h30min へへへへへへへへ Prenuncio de morte

No lado oposto ao da corrida alucinada, a Estrada dos Elmos recepciona, com toda sua escuridão, a fantasmagórica carona de Eva Ritinha. O furgão lustroso do IML chacoalha sua estrutura com uma velocidade precipitada, assustadora.
– Senhora, fique calma. É só atravessarmos este atalho e sairemos rapidamente na cidade de Montafa. – Disse o balofo Sr. P. – Suando como um porco prensado ao volante.
Com grande esforço  a boca de Eva contorce  para cuspir três palavras:
– Não... Tenha... Pressa.
O Sr. P. acelera, em pânico com a situação. Nos trinta e cinco anos atuando como legista, o Sr. P. gosta de trabalhar com clientes rígidos, frios e mortos. No entanto, a perspectiva da morte, o limiar da vida, a proximidade de um último suspiro, deixa os seus nervos tilintando como fios de metal. A pressão faz com que o braço comece a doer. O gordo Sr. P. observa ao longe um ponto luminoso que se aproxima rapidamente. Seus olhos estão vidrados, o rosto inchado e vermelho se contorce para o lado. Uma pontada no peito. O lindo campo de centeio que se espalha pela planície é banhado pela luz azulada da noite.

23h25min  へへへへへへへへ Sangue e balas

Tiros. Os projeteis passam zunindo entre os carros da policia. O Tunderbird vermelho rasga as estreitas ruas de Morsei. Dois balaços atingem a lateral polida do carro. O barulho seco da intrusa revolta Silú: – Seus filhos da puta.
Anda com essa merda, porra – Zé Traquina se pendura na janela tentando acertar um tiro na cabeça de um policial.
O sangue que jorra quente pelo couro do assento é estancado com dificuldade pelas mãos pequenas de Ed Grogue. Duas curvas fechadas, o pneu canta e a raridade do carro ganha vantagem da lei.
Dez minutos Ed e estamos livres. Agüenta as pontas. – Silú fez a promessa.


 23h36min へへへへへへへへ Efeito colateral

Euforia, excitação, onipotência. Danilo, o dono do mundo, mescla sua viagem pervertida no caviar das drogas com a maldita corrida. Não há medo. Os trancos na traseira do Nissan são fortes, Danilo permanece com o controle do volante e freia em pequenas doses para atingir o Sem Nome. Uma paranóia reversível acomete seus olhos com alucinações. Seu carro tem vida. O volante derrete queimando a palma da mão. Tudo treme, a estrada se desmancha lentamente em pedaços. Focos de luz despontam na retina, vindos de um horizonte cada vez mais perto. – Elevação! – Ele grita, e o carro se embrulha com intento de mastigá-lo. O alivio do piloto é acelerar mais. Sua viagem não tem fim.

23h40min へへへへへへへへ  Abatimento

Silú leva uma das mãos ao seu ventre. Empapado de sangue, ele ergue o tecido grudado à pele. A bala penetrou no estômago, rasgando a barriga e saindo na perna de Zé Traquina. Os ferimentos já não importam. A rota da fuga esta à frente deles. A estrada dos elmos hoje é o palco de criminosos, drogados, famílias, a morte e também dos abutres. A voz gutural de Zé Traquina se espalha pela noite: – Não pare no inferno. – O cenário ferve e a luz dos faróis faz surgir em meio à escuridão o carro da morte, o furgão do Sr. P.
– Desvia, porra!
– Cuidado!
Ed baba sangue enquanto atira desordenadamente para o alto. O thunderbyrd desvia pela esquerda ralando toda a lateral do furgão.
– Desgraçado!


23h41min へへへへへへへへ Expirar

Sr. P. enfarta. Sua barriga trava o volante, seu pé enrijece, afundando o acelerador. Eva desmaia e o carro da morte envereda sem controle pista afora.


23h45min へへ Encontro Irrefreável...     

A morte vem para ceifar as almas. O Opala do Sem Nome emparelha com o Nissan, aos trancos os carros são jogados de um lado ao outro da pista. O asfalto começa a baixar para os olhos de Danilo, ele joga o carro para cima do Opala. O barbado não consegue manter o controle.
23h48min40seg... Um marido dedicado, porém traído, é passível de cometer uma loucura. Com fúria no olhar, o caipira rústico e sujo, habitante da única casa da Estrada dos Elmos, agarra o lampião balançando-o com uma das mãos, as sombras dos poucos móveis dançam na parede. Ele gira o lampião e o joga furiosamente em direção a sua mulher. O vidro de querosene explode no peito da loira. Ela voa pela janela envolta pelas chamas, caindo vertiginosamente.
23h48min12seg... O barbado Sem Nome se desespera para retomar a dianteira e assim não percebe o furgão do IML vindo ao seu encontro.
23h48min36seg... Zé Traquina segura o volante do Ford Tunderbird Stock. Silú desmaia em sua poça de sangue, Ed Grogue dá o último suspiro ainda com a arma em punho. As sirenes podem ser ouvidas ao longe. A velocidade continua e um cheiro de carne infesta o carro. Estão na metade do caminho entre Morsei e Montafa. 23h48min38seg Passam por um Nissan coberto de poeira. Zé Traquina perde a concentração ao ver o sorriso e os olhos vermelhos de Danilo Gabarem. 23h48min39seg. O Opala frita os pneus e buzina freneticamente. 23h48min40seg.

A bola de fogo que se tornou a esposa do caipira violento atinge feito um cometa o capô do Tunderbyrd vermelho que afunda contra o chão; ergue a traseira com a força do impacto e gira em meia lua para o outro lado da pista. 23h48min42seg, o Sem Nome sente o calor das chamas e as fagulhas se espalharem por cima do Opala, ele pragueja ao ver o Nissan de Danilo sumir na poeira e essa visão é tapada pelos dizeres I.M.L. que carimbam seu painel. O furgão e o opala rodopiam no ar. 23h48min45seg Zé Traquina recolhe os próprios dentes, espalhados em seu peito. Com movimentos limitados ele luta para soltar as pernas, moídas pela ferragem, antes que todo o corpo se junte ao fogo infernal. 23h48min49seg. O Sem Nome esta vivo, jogado na pista, não pode ver os pedaços de corpos caindo como chuva. Um cadáver remendado cai sobre Zé Traquina na única fresta que resta na massa de ferro; é logo seguido pela caçamba do furgão que termina a mistura de sangue e ferro. O Sem Nome tateia o ar com uma placa de vidro atravessada em seus olhos. Tanques cheios e prensados não resistem ao fogo e uma explosão ilumina toda a estrada. 23h48min55seg, Danilo recupera sua lucidez após cruzar a linha da vitória. Parado no acostamento ele olha para a grande coluna de fogo e fumaça que se levanta no meio da Estrada dos Elmos. Acende um cigarro e traga profundamente. Camuflado pelo final do campo de centeio, ele está a salvo dos inúmeros carros de policia que agora chegam. 23h58min45seg. A grande casa queima, levando todas as provas do crime ali cometido, e no fogo a gordura de um assassino derrete. Ferro espalhado pela pista, marcas de sangue que se arrastam por metros, fogo, fumaça, corpos e membros decepados por toda a parte. A morte impera absoluta, deixando por testemunha apenas um cego cambaleante, gemendo de dor, implorando por alivio. Danilo olha para o inferno pela ultima vez. Liga seu carro e segue o caminho sinuoso, é hora de recolher sua recompensa. 00h01min. Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe!






quarta-feira, novembro 28, 2012

Policiais plantando Maconha

Tratamento Revolucionário para Criminosos, cria cena inusitada no interior do Brasil.

Após um ano do fechamento do "Caso das Ervas" no Brasil, o pais começa a usufruir de vários benefícios, causados pela legalização da maconha e de diversas outras plantas que eram consideradas prejudiciais à sociedade. As pesquisas científicas já surtiram efeitos, além de mudanças sociais: a ocorrência de crimes violentos reduziu em mais de 50%. "A relação é direta,  pessoas sobre o efeito da cannabis ficam muito mais calmas e relaxadas, menos propensas a reações agressivas, e isso tem afetado profundamente os antigos quadros de criminalidade do país" diz o Dr. Eder Valadares, psicologo e um dos maiores responsáveis pela conscientização da possibilidade do uso benéfico das drogas nos últimos anos. 

Policial Matheus Henrique está muito
feliz com a sua nova função
.
Mesmo com enorme redução de crimes violentos, o governo ainda busca reduzir mais. Usufruindo da nova Lei que permite o plantio livre da maconha, sete estados brasileiros adotaram uma inusitada modificação em seu sistema prisional: dar maconha para os prisioneiros. O processo nada mais  é que uma tentativa de amenizar a pena dos criminosos e cortar gastos com os presídios. O prisioneiro, se for acusado de um crime violento, passa por um exame psicológico, e se adequar-se ao que está sendo chamado de "Quadro de Agressividade Reversível" ele recebe liberdade condicional, desde de que ele se disponha a consumir uma quantia específica de cannabis por dia. Desta forma é garantido que ele não venha a cometer crimes novamente. Cerca de 15% dos presos já estão inscritos nesse processo de condicional, mas a previsão é que chegue a 30% até o final do ano que vem.

E de onde vem toda essa cannabis? Do local mais improvável e inusitado: dos próprios policiais. Com a diminuição dos crimes, a necessidade de policiais nas ruas foi amenizada. O governo então usou os mesmos policias para uma "operação" no minimo irônica: plantar maconha."Muitos policiais estavam sendo dispensados de seu serviço e até mandados embora, por simples falta do que fazer.Graças a isso muitos dos nossos policiais voltaram à ativa." afirma a Tenente Maria.

O trabalho, que agora é inverso de antes, não parece incomodar os policiais. Aparentemente eles preferem muito mais a vida tranquila do plantio do que a perigosa vida nas ruas. " Eu sempre fui a favor da legalização como forma de amenizar a criminalidade, mas nunca pensei que eu faria parte desse processo tão diretamente" diz  o Policial Matheus Henrique, cujo pai era usuário de maconha quando ainda era proibido. Mas o trabalho nas plantações não reduzem as obrigações de seu posto, muito pelo contrário, apenas adiciona mais uma função ao corpo policial. "Em caso de qualquer emergência, ou situação de conflito, a preferencia é o mantimento da ordem." avisa.

Apesar do sucesso do novo processo, os cristãos radicais não tem sido favoráveis á isso. O Pastor L.S. Donato falou em seu programa que "a erva maldita é um artifício do demônio chamado Diá, para controlar suas mentes.Os prisioneiros que creem em G-Ová deveriam recusar o tratamento". Aparentemente isso pode ter alguma relação com o fato de que a maioria dos presos por crimes violentos são cristãos radicais. A Igreja de Nosso Senhor Jah Rastafari não se pronunciou oficialmente sobre isso, que aparenta ser uma ofensa direta.



Trecho de Jornal Enviado do Futuro

 por Doutor Ontem em Furquim, Minas Gerais no dia 10 de maio de 2015 

para Jônatas Santos em Ouro Preto, Minas Gerais no dia  28 de Novembro de 2012.

segunda-feira, novembro 19, 2012

Disneybomba (Dia D)


 





As trombetas do apocalipse não tocaram quando o Pluto explodiu seu colete de dinamite na Disneylândia. O jovem que havia sido contratado para se vestir de Mickey ficou preso no abafado traje parcialmente derretido e grudado em sua pele. Ele cambaleou até os escombros do que sobrou da Casa dos Sete Anões, buscando por água. Após descolar os dedos do cadáver, de um dos sete figurantes anões, de um cantil de alumínio, o jovem trajado de Mickey tentou derramar o liquido por dentro do vão dos olhos para que escorresse até sua boca. Neste momento alguém se aproximou por trás. Uma criança, com a boca esfolada e vertendo sangue em abundância, segurava um revólver nas pequenas mãos, apontado-o para o Mickey.

"Você está sorrindo?"


Mickey tentou responder, mas sua garganta estava inchada e a língua seca, a voz falha produzia apenas um fino assobio.

"Meus pais morreram e você está sorrindo..."

O cantil se movimentava nervosamente na mão trêmula do Mickey.

"A Disneylândia matou meus pais?"

Outro assobio de voz, Mickey deu um passo para frente. A criança recuou.

"Eu quero saber por que você está sorrindo..."

A criança chorava, as lágrimas passavam pela bochecha chamuscada e se juntavam ao sangue. Mickey deu mais um passo e pisou em metade de um tronco de mulher.

“Você pisou na minha mãe!”

A criança ergueu a arma. Mickey retirou o pé do corpo da mãe da criança e se agachou lentamente.

“Mickey! Você tá dando risada. Você tá rindo da mamãe”.

A arma vacilou na pequena mão. Mickey largou o cantil e avançou novamente. A criança aprumou o revólver com mais firmeza. Mickey estancou à poucos centímetros do cano. Por cima da criança havia um policial empalado por uma viga de concreto. Mickey deduziu que a arma era real. A criança se enfureceu, soluçou e chorou copiosamente.

"A Disneylândia matou meus pais... Matou meus pais. Você tá dando risada."

A criança virou o rosto para o lado. Mickey sentiu que era a hora do disparo. Não sabia o que fazer. Ergueu as mãos. O Pato Donald despontou de um amontoado de brinquedos queimados, segurando uma espécie de gatilho. Neste instante, um zunido ecoou e a criança se partiu em vários pedaços, em seu lugar, tomou forma uma imensa bola de fogo que engolfou a sorridente grande cabeça de pelúcia do Mickey. Ele voou por alguns metros e antes de perder por completo os sentidos, viu o Pateta ajudando a Minnie a apertar outro colete de dinamite em seu peito. O sorriso da fantasia pegou fogo e, pouco a pouco, entortou em sinal de tristeza.

quinta-feira, novembro 01, 2012

Disque vigarista

Hello, stranger. DIAL #545454# (hashfivefourfivefourfivefourhash)

Select : English 01/ Portuguese 02 / Balrog Punch 03


02*

Hoje, em sua rota, aquele décimo sexto carro branco à frente é o que impede o fluxo. Pondere sobre o beneficio de perder 3 minu
tos em caminhada até o dito veiculo e acertar a fuça do ditongo que o dirige.

Troque o rádio para AM, volte para FM, novamente para AM e por fim permaneça na FM.

*UNLOCK*

"It can cut you like a knife, if the gift becomes the fire
On a wire between will and what will be

She's a maniac, maniac on the floor
And she's dancing like she's never danced before
She's a maniac, maniac on the floor
And she's dancing like she's never danced before"


Bata os pulsos no volante, chacoalhe a cabeça, acelere, freie, acelere, freie, acelere freie. YEAH!

Devido ao sucesso, esta ligação não será cobrada... zórg zórg zórg

tutututututututututututututututututu

Disque Éris
zero ao contrário, oito oitos, oito setes, oito

quarta-feira, outubro 24, 2012

Sobre o Certo & O Errado

SOBRE O CERTO E O ERRADO - Mortinta Knobina, Sacerdotisa da Cabala Erísiana dos Treze Portais de Oz

Daleth se aproximou com uma cara muito esquisita quando Aleph indagou qual o problema que lhe afligia. Rapidamente Daleth começou a vomitar um emaranhado de problemas. Aleph, por educação ou atenção, ficou ouvindo, as vezes tentando esconder o riso e torcendo para Daleth não perceber. 


“Compreende? Parece que tudo que eu faço está errado - disse Daleth

 com aquela expressão triste.
“E qual é o problema em estar errado? – perguntou Aleph com um sorriso malicioso nascendo no rosto.
“Como assim, Aleph? Errar implica em Erro. E Errar é algo que devemos evitar para que possamos levar uma vida em harmonia.
“Eu conheço muitas pessoas que fizeram coisas Certas pelos motivos Errados. Ou melhor, fazendo coisas Erradas, no fundo, acabam tornando as coisas muito mais Certas de como elas estão no momento.

“O que vc fumou Aleph? Está falando coisas sem sentido.”
“Vem comigo – disse Aleph com um sorriso misterioso mesclado com um tico-tico de fubá”
Aleph e Daleth pegaram um ônibus qualquer e desceram em um lugar que não nos diz respeito no dado momento. Aleph seguiu caminhando junto com Daleth, ambos quietos, até encontrarem uma avenida muito movimentada. Aleph se aproximou da primeira pessoa e comentou:
“Nossa, como o tempo está horrível hoje, não é?” – O sol brilhava forte em um lindo céu sem nuvens. O transeunte apenas ficou olhando para Aleph com uma cara de “o.O” o que esse cara usou?

Aleph continuou sua aventura e de repente ouve alguém gritando: EU VENHO DO PLANETA ÉRIS – EU NÃO SOU DAQUI – era o mendigo local, famoso Astronauta do Lixão que fazia sua palestra diária na praça municipal regrado de muita pinga e vinhos sacrossantos. Aleph se aproximou e trouxe Daleth a força, apesar de sua clara relutância. Daleth não via os mendigos com bons olhos.

EU VENHO DE LÁ TAMBÉM – disse Aleph - MARIPOSA, ALFAIATE, AZUL CERÚLIO E LAMPIÃO

O Mendigo por um segundo o encarou como se não soubesse do que Aleph estava falando e logo em seguida caiu em uma gargalhada. Aceita uma pinga? – Aleph bebericou imediatamente e passou a garrafa para Daleth, que nem sequer a tocou, e o olhou com olhar de nojo.
-Aleph... eu sei que você sempre foi meio pirado... mas agora você está saindo dos limites...
-Daleth. Aprenda a Estar Errado
-Como assim Aleph, para beber pinga com os mendigos?
-Não, seu bobo. Pra aprender que estar errado também está certo.

Daleth não compreendia o que Aleph estava querendo dizer, então Aleph começou a fazer a coisa mais louca que Daleth já havia visto:
Aleph olhava para o céu sem nuvens e exclamava que possivelmente viria chuva. Começou a fingir que estava tremendo reclamando que estava muito frio para os padrões de seu planeta natal, Mercúrio. Começou a plantar bananeira insistindo que o Céu era para baixo e a Terra era para cima. Afirmou que a Carminha era a maior santa das novelas da globo. Afirmou que a TV Cultura era um canal muito pobre em cultura. Comentou sobre como era exemplar a atitude dos políticos brasileiros. Anunciou que a Presidenta Dilma não é humana, mas sim um Beta Gray de Zeta Reticuli disfarçado de humano.

Daleth não estava entendendo coisa nenhuma e o mendigo estava cagando de tanto rir. Até que Aleph parou e olhou para Daleth com um sorriso e disse: Não estou certo?
Daleth respondeu: Não. Está errado. – Não entendi o que quer dizer.
-Que você não precisa estar certo o tempo todo. E que estar errado está tudo bem. Na verdade, você deveria passar o dia inteiro comigo fazendo tudo errado, para amanha quando não fizer algo certo, saber que está tudo certo.
-E pra que vou querer fazer tudo errado hoje se posso tentar fazer tudo certo?
-Pra amanha você não vir reclamar que fez algo errado quando tentava fazer tudo certo.

Os dois passaram o dia inteiro fazendo tudo pelo contrário e Daleth nunca mais ficou chateado quando estava errado sobre alguma coisa.

E AO OUVIR TODA ESTA CONVERSA, ALGUÉM FOI ILUMINADO

sexta-feira, outubro 19, 2012

Consciência Ùltima

Reinaldo Ribeiro
O termo "consciência convencional" diz respeito a exatamente o quê? Há uma consciência última em oposição a ela? O que as diferenciaria? Alan Wallace quando esteve no Brasil falou em três: consciência grosseira, consciência sutil e consciência última.A consciência grosseira é a nossa identificação com os sentidos físicos e os pensamentos e emoções. É ela que produz, na sua confusão, a noção de um "eu". Ela possui uma continuidade extremamente restrita.A consciência sutil são os padrões cármicos arraigados que produzem consciências grosseiras vida após vida. Sua continuidade é maior, mas não ilimitada.A consciência última é o aspecto luminoso da vacuidade. Quando se diz "vazio é forma" está se referindo a isso, ou também quando se diz que o dharmakaya é prenhe de todas as possibilidades.A disputa entre as escolas se resume em quatro posições:1) Visto que é possível transformar esta terceira consciência num objeto e reificá-lo, algumas formas de budismo se apegam ao antídoto e produzem uma negação quanto a esse conceito.2) De uma forma um pouco mais sofisticada, algumas tradições afirmam coisas tais como "natureza de buda", etc. Isso equivale a praticar de forma não-causal e abandonar a noção de um resultado, já que o resultado está presente desde o "princípio sem princípio".3) A posição de Nagarjuna como interpretada por Chandrakirti, porém, não cai em nenhum extremo de afirmação ou negação, e apenas revela esta natureza através de "domar tudo a ser domado", mostrando o equívoco na manutenção de qualquer fixação a doutrinas.4) A partir da posição de Nagarjuna, todas as diferentes doutrinas surgem como meios hábeis a serem utilizados em relação a necessidade dos seres. Assim, como não há antídoto a ser aplicado ou aperfeiçoamento a fazer, nada é desperdiçado.Encontraremos por todo lado praticantes e professores do dharma mais ou menos fixados em qualquer uma das quatro formas, seja por ação compassiva de ensinar aquilo que os seres precisam e não o que ainda não são capazes de entender, seja porque eles ainda mantém fixações a teorias e sustentam suas opiniões. Creio que é noção comum que o próprio Buda ensinou das quatro formas simultaneamente, mas como não somos oniscientes, em geral surge um carma de preferência e a necessidade de defender idéias desse ou daquele tipo e aplicar antídotos.
...Nesse âmbito, tudo soa nonsense. Quando nos referimos a "mente", estamos falando dela como um objeto, mas a mente "última" é a fonte de sujeito e objeto, ou ainda, a coemergência de sujeito e objeto, e em nada difere da própria vacuidade.Porém, até mesmo "vacuidade" pode se tornar um ponto de fixação. Algumas professores até mesmo dizem que um sutra como o Prajnaparamita ainda revela uma leve tendência niilista, apesar do "vazio é forma, forma é vazio". Eu discordo deles, porém a questão da luminosidade do vazio só vai ficar realmente clara em textos tais como o Uttaratantra de Maitreya. De uma forma mais simples, se pode dizer apenas que todos os conceitos são meios hábeis, e não pode haver um conceito cujo sentido em si seja o entendimento ou realização daquilo que nos interessa, o dharma. Quer dizer, o vajrayana brinca com isso através do próprio termo "vajra" — mas isso é um meio hábil que algumas pessoas de bom mérito podem usufruir, não é meu caso. Em certo sentido, vajra, mente última, vacuidade, natureza de buda, perfeição da sabedoria, grande perfeição, nirvana, dharmakaya, etc — embora não sejam a mesma coisa, referem-se a mesma coisa, a qual não pode ser perfeitamente adequada a qualquer conceito. E é claro, se quisermos ir mais longe, em outras tradições religiosas, por exemplo, com certeza encontramos muito mais palavras. É muito importante que não achemos que prática espiritual é ficar descobrindo novas palavras e novas conexões entre as palavras. Descobrir que Fulano é outro nome para Beltrano não diz nada a respeito de conhecer a pessoa, chamemos ela de Fulano ou Beltrano. Há uma natureza última da consciência a ser conhecida e/ou realizada ou uma consciência última?As duas perspectivas existem, as duas não são definitivas, a segunda é mais sofisticada que a primeira. A prática pode ocorrer de forma causal, em que buscamos algo, ou de forma não-causal, em que usufruimos de algo. A prática causal é feita com grande esforço, e leva um longo tempo. Em termos não-causais, ela pode ser sem esforço ou com esforço. A prática sem esforço é melhor, para aqueles que são capazes dela. Para pessoas como eu, porém, isso são só palavras a que eu me apego. Porém cabe sempre lembrar que enquanto houver a noção de que algo esteja acontecendo, sendo descoberto, realizado, ou que nos dê qualquer espécie de conforto ou segurança, devemos perceber que isso é apenas um sonho, e assim não nos vincularmos a nenhuma espécie de fenômeno particular. As teorias filosóficas, o chocolate e o sexo estão nessa categoria.