O susto.
Três
toques repentinos na porta de madeira.
E a
campainha reforça:
A loucura
me visita.
Trouxe-nos
chá.
Muito agradável,
por sinal.
E ao
contrário do tempo que evapora diante do conforto, nossa tarde estende-se,
iluminada pelo sol.
Gosto das
sombras da sala de estar.
Elogio-as.
Estamos a
sós.
Aí já são
cinco, e meia, e seis, e já escureceu.
Não
convidamos palavras, mas eu falo sozinho.
Não
convidamos a noite, mas as estrelas nos espiam pelas frestas da persiana mal
fechada.
Não
convidamos a luz e permanecemos no escuro.
Não
convidamos a garota: ela chora no andar de cima.
Ou no
quarto ao lado, não sei bem...
Lembranças
se exaltam em cada verso da música do rádio...
Mas neste
momento já não há estações musicais e, bem, não há do que se lembrar.
Por que a loucura
é íntima e temos um pacto:
Presente
perpétuo.
Mas pobre
de mim que numa distração qualquer pus-me a desenhá-la.
E sem
saber como retratá-la, pus-me a escrevê-la.
E sem
compreendê-la, acabei por erradica-la
Com tantos
pontos e vírgulas e linhas pensadas...
Sobrou chá
para mais de uma pessoa.
E a garota
num outro cômodo, que não convidei por que não assumo compromissos quando estou
de luto.
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