#TheGame23 - Enter the Infinite Rabbit Hole





What is #TheGame23?

"It is what it isn't though that isn't what it is and like I've always said I think that it's exactly what you think it is. If you believe it is whatever someone else told you it is then you're doing it all wrong because you're the only one who could possibly know what it is." - zed satelite nccDD 23 ksc


Project 00AG9603 - #TheGame23 mod 42.5 level 5

"00AG9603 develops as a self-organizing organism, connects with the virtual environment through its hosts (admins) by arranging the surroundings randomly for its own autonomous purpose" - Timóteo Pinto, pataphysician post-thinker





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segunda-feira, outubro 16, 2006

A Frente de Libertação dos Anões de Jardim ataca novamente

Pois agora, preocupada com o futuro dos seres diminutos, a FLNJ resolveu ir mais longe em sua luta. Não contente em apenas libertar os anões de jardim, ela agora quer que eles sejam mandados para escola para aprenderem a viver em sociedade.

No dia da volta às aulas após o feriado escolar, a FLNJ praticou sua mais ousada ação até hoje. Uma célula do grupo libertou 86 anões de jardim e os levou para o pátio de uma escola pública em Limoges, no interior da França, para que, educados, eles tenham direito a um futuro melhor e esqueçam o sofrimento do passado.

Quem são eles?

Desde 1997, a Frente de Libertação dos Anões de Jardim ganhou notoriedade na França, tendo raptado (ou libertado, como afirmam) mais de 6.000 gnomos.
O destino final que dão à maioria dos bonecos é desconhecido. Certa vez, 11 deles foram encontrados enforcados sob uma ponte.
Ao lado dos anões de jardim pendurados pelo pescoço havia uma recado: “quando vocês lerem essas palavras, já não seremos mais parte de seu mundo egoísta no qual servimos apenas como peça decorativa”.
No caso de roubo coletivo de Sant-Die-des-Vosges, o final foi mais feliz.
Um padre encontrou os anões em formação, como se estivessem indo à missa.
A maior parte dos bonecos recuperados continua aguardando seus donos buscá-los num armário empoeirado da delegacia de polícia.
Um dos motes da polícia de Sant-Die-des-Vosges neste final de ano é: por favor, encontre uma casa para um gnomo neste Natal e Ano Novo.
São a célula discordiana que mais inspira devotos de Éris espalhados pelo mundo a fim de exercerem a nossa jihad, a nossa guerra de fé,conhecida por nós como Operação:Mindfuck.

fonte: Principia Discordia Plus

domingo, outubro 15, 2006

Excertos do Comunicado do Bispo da Igreja da Santa Cruzada do Caos Perpétuo

COMUNICADO

Os irmãos reunidos em conclave decidiram transformar o anarquismo luso. O nosso programa aponta para uma cada vez maior radicalização de atitudes.

1. Actuem conscientes de que o racismo psiquíco veio substituir a discriminação aberta e é hoje um dos aspectos mais repugnantes da sociedade.
3. O movimento anti-trabalho ou "trabalho zero" é fundamental, incluindo o ataque radical e violento contra a educação e servidão das crianças.
4. Substituam as tácticas caducas da publicação/propaganda pela pornografia e pelo entretenimento popular enquanto veículos de uma reeducação radical.
5. Na música, a hegemonia do compasso 2/4 e 4/4 tem de ser combatida. Precisamos de uma nova música, totalmente disparatada. No entanto, confirmadora de vida. Potente, mas ritmicamente subtil. O mesmo combate deverá ser dirigido aos "performers" auto-flageradores. Morte à arte da mutilação! Viva a arte portadora de vida e de liberdade! Necessitamos de uma nova estética, já!
6. (...) Os "estados mais elevados de consciência" não são meros fantasmas inventados por sacerdotes malvados. O oriente, o oculto, as culturas tribais, possuem técnicas que podem ser assimiladas de maneira verdadeiramente anarquista. (...) Necessitamos de um tipo prático de "anarquismo místico", isento de toda a merda pseudo-filosófica e do deslumbramento do "New Age". Inexoravelmente herético e anticlerical. Ávido de todas as novas tecnologias de consciência e metanóia, uma democratização do xamanismo, ébria e serena.

7. (...) Chegou o momento da reafirmação explosiva do Eros Poliformo, de uma glorificação literal dos sentidos- queremos uma doutrina do gozo. Abandonemos a vergonha e todo o ódio pelo mundo.
8. Ensaiemos novas tácticas para ocuparmos a caduca mentalidade de "esquerdas". Enfatizemos os benefícios práticos, materiais e pessoais na criação de redes radicais. Os tempos não são propícios para a violência ou combatividade (directa), mas com toda a certeza a sabotagem e a imaginação têm sempre lugar cativo no "espectáculo". Trama e conspira, não te acomodes nem te lamentes!...O mundo da arte, em particular, merece uma boa dose de "terrorismo poético".

in UTOPIA, Revista Anarquista de Cultura e Intervenção, nº 19/2005
http://www.utopia.pt

Fonte: http://tripnaarcada.blogspot.com/2005/07/excertos-do-comunicado-do-bispo-da.html

sábado, outubro 14, 2006

Acéphale: um periódico intempestivo

"Acéphale foi um periódico sem periodicidade (em vez de aparecer quatro vezes por ano, como anunciado em sua capa, a revista apareceu quatro vezes ao longo de quatro anos); que a referência a Nietzsche lhe é fundamental; que foi um “interpreendimento” extremamente inoportuno, dotado, por isso mesmo, daquela foucaultiana atualidade que equivale, segundo Deleuze — em sua contraposição com o presente — à intempestividade (ou inatualidade, ou extemporaneidade, como queiras) nietzscheana. (...)

... Sendo, como foi, dirigida por Bataille na mesma época em que tratava de soldar a comunidade Acéphale[2], é de se esperar que a revista, ainda por cima homônima, estivesse atravessada pelas mesmas obsessões que o levaram à constituição daquela. É no entanto preciso que nos guardemos, com Michel Surya[3], de dizer, com Roger Caillois, que ela “en était l’organe”.

Quando muito, foi esse o caso do número I da revista (junho 36): La Conjuration Sacrée. Através dele, ficamos logo sabendo que “O que nós (Georges Ambrosino, Georges Bataille, Pièrre Klossowski e André Masson[4]) interpreendemos é uma guerra”. E é nele também que Bataille nos apresenta esse Anti-Deus chamado Acéphale:

Para além daquilo que sou, encontro um ser que me faz rir porque é sem cabeça, que me enche de angústia porque é feito de inocência e de crime: ele tem uma arma de ferro em sua mão esquerda, chamas semelhantes a um sacré-coeur em sua mão direita. Reúne numa mesma erupção o Nascimento e a Morte. Não é um homem. Não é tampouco um Deus. Ele não é eu mas é mais eu do que eu: seu ventre é o dédalo em que se desgarrou a si mesmo, me desgarra com ele e no qual me acho sendo ele, é dizer, monstro.[5]

Condiz ainda com essa função de “órgão exotérico” o textículo nomeado “L’Unité des Flammes” que expressa claramente a problemática vontade de comunhão que parece ter caracterizado a comunidade Acéphale:

… um sentimento da unidade comunial. Esse sentimento é aquele que prova um agrupamento humano quando aparece a si-mesmo como uma força intacta e completa; ele surge e se exalta nas festas e nas assembléias: um alto desejo de coesão o eleva então acima das oposições, dos isolamentos, das concorrências da vida diária e profana.[6] (...)

...Mas vale notar que embora tratando de uma espécie de comunhão, ou talvez antes de comunicação[8], não é de maneira alguma questão nesse texto de uma empresa comunitária. Esse estado é aqui alcançado através da imaginação erótica que escolhe os momentos de solidão e de espera do indivíduo — momentos em que o mundo e os seres estão ausentes — para invadir seu eu, [e que] corresponderia assim a uma tentativa inconsciente de recuperar todo o possível que deveio impossível pelo fato da tomada de consciência do eu — essa formação tendo permitido a realização do outro eu — logo a uma atividade de agressividade, em detrimento da realidade exterior, tendo por fim reaver sua integridade original.[9]

Soberania acéfala ou soberania sem soberano

Quando Bataille nos diz

A doutrina de Nietzsche não pode ser assujeitada.

Ela pode somente ser seguida. Colocá-la em seguida, ao serviço de que quer que seja de outro é uma traição que releva do desprezo dos lobos pelos cães,[19]

podemos ver aí talvez resquícios de uma subjetividade soberana na imagem mussetiana do desprezo do lobo (que se recusa, ainda que isso lhe custe a própria morte por inanição, a servir o pastor) pelo cão que se sujeita, se deixa asservir (e ainda quer convencer o lobo a fazê-lo também). Resquícios presentes também no retrato que faz Nietzsche de um Heráclito absolutamente fier, diamantinamente satisfeito de si mesmo, verdadeiro “astro sem atmosfera”.[20] (...)

Confirmam essa visão da soberania como algo (ou antes como nada[23]) necessariamente sem sujeito algumas outras proposições sobre a morte de Deus: aquela (n. 7), por exemplo, que postula o tempo como “objet d’extase”[24], ou aquela (n. 10) que diz que “A Revolução não deve ser considerada somente em seus sustentáculos e resultados (tenants et aboutissants) abertamente conhecidos e conscientes mas na sua aparência bruta, seja ela o feito dos puritanos, dos enciclopedistas, dos marxistas ou dos anarquistas” mas “como a explosão súbita de sublevações sem limites”.[25] Vale dizer, não importa seu sujeito, mas a revolução como acontecimento soberano em que “a autoridade não pertence mais a Deus mas ao tempo cuja exuberância livre mete os reis à morte, ao tempo encarnado hoje no tumulto explosivo dos povos”[26] (e não, jamais, de jeito nenhum, num desses povos[27]).

A maravilhosa Kinderland

Contra duas (pelo menos) formas de construir um sujeito (de destruir portanto a chance da soberania) Acéphale se insurge: a que o funda na consciência (solução da gauche rationaliste) e a que o funda no sangue, na hereditariedade da raça[28] (solução da droite fasciste): “Os desencadeados do passado são os encadeados à razão, aqueles que não encadeia a razão são os escravos do passado”.[29] ...

...A essas duas formas de pôr um fim ao rio heraclitiano[30] da história — represando-o ora no que se diz ser sua nascente, ora no que se diz ser sua foz — Acéphale, como já disse, se “parapõe” (sempre com Nietzsche) como uma terceira margem: não se trata nem de restaurar a velha Vaterland nem de edificar uma nova, mas de festejar a Kinderland:

Uma Kinderland que não é uma Vaterland ideal mas uma ausência de Vaterland no sentido implicado por Nietzsche quando se declarou (e ao resto de nós) sem-pátria [Heimatlosen], em outras palavras, sem passado, sem pai, sem herança. De um pai desconhecido: Os sem-estado são de fato os filhos do futuro, em outras palavras, os filhos, precisamente, do desconhecido.

Dionysos

Se alguma dúvida restava quanto à impossibilidade de se fazer da soberania o predicado de um sujeito qualquer, o número duplo 3-4 de Acéphale, em que este aparece transfigurado em Dionysos, vem solapá-la de vez: a soberania tem parte ligada com a desindividuação, com o êxtase. (...)

Resta dizer

que ainda que o projeto de uma comunidade denominada Acéphale tenha aí ficado pregado na cruz, o “tema” da acefalidade não deixou jamais de ser crucial para Bataille. Pelo contrário. Como diria G. H.: “A desistência é uma revelação”. Ou parafraseando Bataille em sua resposta a Andre Masson sobre o que achava de dada: “pas assez idiot”[49], digamos que o projeto de comunidade de Acéphale era por sua vez pas assez acéphale.

Acéfala pois será l’expérience interieure (que só se dá justamente quando perdemos a cabeça), acéfala a economia geral proposta em La part Maudite (fundada na despesa, na descapitalização), acéfala a soberania que como já vimos só tem lugar na ausência de tudo aquilo que a cabeça representa enquanto principio de redução à unidade (Deus, chefe, pátria, razão…)

Assim como o olho pineal, o acéfalo representa essa insistência, essa exigência da abertura sem reservas do pensamento (mesmo que ele nela se dissolva) à experiência-limite dos limites através da qual vem, continua a vir, sem nunca se estabelecer, a “comunidade daqueles que não têm comunidade”.

http://www.cce.ufsc.br/~nelic/Boletim_de_Pesquisa5/texto_fernando.htm

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