A passos largos rumei para a grande caverna, onde estariam os supostos "Corrupted", a banda do Japão. Fui para o Japão para finalmente conhecê-los. Até que cheguei na entrada, um pouco trêmulo e percebi pegadas grandes, trilhas formadas por algo pesado arrastando no chão, espalhando algumas pedras. As marcas na parede eram estranhas, um momento eu olhava para elas e via alguns sinais, em outros momentos eu olhava para as marcas e elas pareciam diferentes, como se tivessem mudado misteriosamente. Fiquei um pouco abatido, meu senso de realidade foi diminuindo cada vez mais e, estranho como foi, senti uma melancolia, pensei o quanto eu vivia baseado no que eu acreditava e profundamente sabia, naquele momento, que havia uma dissonância incompreensível, visível em minha forma de pensar e ver o mundo. A simetria sem forma pairava entre as idéias que estavam para ser pescadas pelo meu discurso interno. Assim que o sentimento de descoberta se manifestou, fui arrebatado pela vontade de seguir em frente.
Contrariando qualquer precaução, avancei na escuridão, sem medo de perigos, sem medo do medo mas sem a bênção da coragem. Estranheza, presença, vultos, reflexos, tentativa abafada de soltar um grito de confusão. Nada disso se compara a mão gélida que pousou sobre o meu rosto, vi a luz emanando do próprio objeto que causava o meu terror. Era um crânio acoplado no fundo da caverna, com pérolas em volta, formando uma coroa de perturbações. As mãos voavam pelo lugar, parecia pura ilusão, mas certamente havia pés, mãos, pernas, braços, eles se multiplicavam aos montes até formar um amontoado, e este amontoado se transformava em um grande livro. Tudo tão absurdo para mim, só consegui mantê-lo na visão por 5 segundos, após isso entrei em colapso, me dividi por todo o espaço, compartilhando todas as moléculas de ar, fazendo do invisível meu alimento e amante, pois tudo que eu mais desejava era sumir. Meu paraíso durou tão pouco, as eras de caveira e coroa tomaram a história de meu reino pessoal de êxtase e alegria. Assim que os olhos emitiram um brilho vermelho, captei uma voz anciã que teimava em ressoar e de alguma forma, mesclar com o escuro da caverna. A total indiferença a qualquer padrão inteligível e racionalmente suportável disparou associações impossíveis, o impossível era o momento.
Até nunca, fui, ao sempre, voltei, percebi que a música feita pelo "Corrupted", que na verdade não era um grupo e sim um aglomerado bizarramente constituído de pés, pernas, braços e presença, destinava-se ao avanço acelerado rumo a extinção do cárcere das idéias do atual mundo moderno.