#TheGame23 - Enter the Infinite Rabbit Hole





What is #TheGame23?

"It is what it isn't though that isn't what it is and like I've always said I think that it's exactly what you think it is. If you believe it is whatever someone else told you it is then you're doing it all wrong because you're the only one who could possibly know what it is." - zed satelite nccDD 23 ksc


Project 00AG9603 - #TheGame23 mod 42.5 level 5

"00AG9603 develops as a self-organizing organism, connects with the virtual environment through its hosts (admins) by arranging the surroundings randomly for its own autonomous purpose" - Timóteo Pinto, pataphysician post-thinker





00AG9603 Dataplex LinKaonia Network

00AG9603 Dataplex
Aaní – Memetized Chaos
#fnordmaze
Hail Galdrux!
Mermeticism and the Post-Truth Mystic
Discordian Babel – a collection of different interpretations on Discordianism
#QuantumSchizophrenia
Neoism/Anti-Neoism/Post-Neoism/Meta-Neoism/Hyper-Neoism
The Omniquery Initiative – How To Save The Universe – an incomplete tutorial
A Call to Weirdness - Operation D.I.S.T.A.N.C.E.
Cosmic Liminality - The Space Between
00AG9603 Forum
00AG9603 Hyper-Surrealism



Hyper-Surrealist Fnord Agency


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sexta-feira, dezembro 21, 2012

Arquivo X : Feliz Natal, Noel.


 
HO HO HO HO HO HOOOOOOOOOOOOO

Invasão ao castelo de Noel




Ao Velho Noel (Bola na arvore) *

Pelo sagrado milagre de minha imortalidade, neste pedaço de papel eu lhe envio um aviso prudente. Não sei quando e nem como, mas uma criatura de outro planeta e de outra Mãe Natureza, má de tudo e sem sentimentos, vai atacar seu lar. Tratou de dar cabo de meus pêlos e minha sagacidade. Reconheci o corno singular que sai do pulso. Atrocidade! Fui levado até sua nave e vi uma lista reveladora e trágica. Há alusão a tua figura. Deixo-te como posso o aviso. Espero que chegue pela Cegonha.

Coelhinho da Páscoa (Patinha de neve) *



Vindo da galáxia anã “Grande Nuvem de Magalhães”, Mantú retorna ao planeta Terra. Ele segue em direção ao Pólo Sul para dar continuidade a sua lista de caça.

________________________________________

ףּ⌡۝
Jesus Cristo ⌂ ┼ ﻻ ﻹ ﻵﻍ ﻊ ﻒ ﭢהּ שּׁ ◙
Ghandi ⌠⌡◘ Ludwig Bonaparte Winston Colombo Da Vinci
Charles Darwin Diana Dickensﻍ Walt Disney Edison Albert E = MC²
Federico Fellini ﻍBenjamin Sigmund Galilei Hendrix
Alfred Hitchcock Adolf Ж Houdini Michael Jackson Kennedy Luther King
Kubrick Vladimir Lenin Lennon שּׁ Vurukatte Abraham Marley Michelangelo
Wolfgang Amadeus Deus◙ ﭢ Paul Newmanﻍ Louis Pasteur Picasso
Platão Aristoteles Poe Grigorij Rasputinﻵ Rembrandtﻍ Shakespeare Josef Stalin Teresaﻍ Nicola Tesla שּׁ Twainﻍ Vincent Van Gogh Orson Welles Malcolmﻵ ﻵ Azazel Lúcifer Gang do Lixoﻵ Curupira Kappa Lymantrid Moth Coelho Pascoal
Papai Noel (São Nicolau, Nicolas, NOEL ⌂ הּ) Ж Julian Assange Ж Roussef



Ỗٯلفאָ ףּ⌡۝۞۩
Mantú

________________________________________________________________

Planalto Antártico – 3. 247 metros sobre o nível do mar - 23 de Dezembro

A nave pousa e derrete a neve macia ao redor do seu perímetro. A superfície contém inscrições em diversos idiomas, riscados ao lado de pictografias primitivas e hieróglifos. Na parte de cima, há uma estrela de quatro pontas preenchida por uma cabala de doze casas, representando os signos do zodíaco.

O caçador extraterrestre salta de dentro da estrutura, pisando levemente na neve. Com a certeza de estar oculto, volteia o corpo com uma manta escura. Encurva-se e parte em direção as parcas luzes que bruxuleiam no horizonte. A neve floca no ar sem intervalos. Mantú ajoelha e afunda as coxas no terreno até a cintura. Fecha os olhos e pensa a respeito da posição das estrelas, a temperatura, o sabor e a intensidade da neve. Ele segue em frente até beirar um pequeno penhasco. Avista no centro do planalto um castelo de pedras ovais.

Treliças estaqueadas no chão contornam o castelo solitário. Mantú resvala as pontas da cerca com a palma das mãos e, utilizando sua altura, atravessa com facilidade para o lado de dentro. Ao tocar o solo, os pés não afundam como o esperado. Raspa a primeira camada de gelo e observa o próprio reflexo. Está em um lago congelado que contorna todo o planalto. O corpo esguio move-se com a articulação em espiral. Um pequeno tornado alienígena avança rumo ao primeiro portão.

Na torre Pai Natal, o Menino Confete, anão mais novo da família dos Bardos, maneja um binóculo com destreza, acompanhando o movimento do espiral que surge na extremidade norte do lago. Sem tirar o tubo dos olhos, pressiona dois botões no painel e brada a plenos pulmões:


“No extremo da cercania/
um estranho espiral surgia/
Observem nas torres o fenômeno/
acordem quem já dormia/
será que dessa moda/
Noel já sabia?”.


No dormitório Chocolate, ainda sonolentos, os anões Bardos escorregam de suas camas e correm em direção a Maximizada Janela Rotacional.

– Confete não cantou o lado que vem o tal espiral. – Diz Selanofix, erguendo sua ceroula listrada até os joelhos.

– Vamos dar uma panorâmica. – Decide o Eterno Aprendiz Sardentinho.

O teto ergue-se por quinze metros e a sala alarga-se por mais quinze e começa a girar lentamente. Na metade da primeira volta os anões Bardos observam a escuridão da noite. Neste tempo, adentram a sala os duendes de Raiz, ouriçados com a perturbação do dormitório subterrâneo.


– Calem-se, verrugas. Olhem para aquilo. – Impera a anã Cenoura.

Ao completar a rotação, presenciam de frente o tornado.

– Aquilo é uma força da natureza. – Observa Minarete, o duende místico.

De volta à torre Pai Natal, anão Confete aumenta o foco de seu binóculo e pressiona novamente o painel.

“Quero avisar/
Há esta hora/
Melhor acordar/
Aquela coisa tem braços e pernas/
Como pôde nos encontrar?”.


Na Maximizada Janela Rotacional, agora lotada, as famílias discutem.

– Está no limite de entrada.

– Confete tem razão. Um intruso.

– Pode estar perdido.

– Ele é grande. Não parece humano.

– Avisem Noel.

Mantú cessa o avanço. Em frente da passagem principal, fecha os olhos e inspira. Do punho direito cresce um chifre espiralado e pontiagudo. Dois braços de neve imediatamente abraçam o extraterrestre. Um extremo frio congela sua pele lisa e prateada. Mantú liquefaz o corpo e entra por inteiro no grande boneco de neve que o ataca. A bola de neve, com ameixas secas no lugar dos olhos e um ramo de cipreste fazendo às vezes de nariz, salpica neve numa tremedeira involuntária. Ressurge o caçador, banhado de água.
O intruso crava o chifre na porta principal que cintila intensamente junto à energia do espiral de osso. A estrutura vai ao chão com um estalo seco, partida ao meio. No Quarto Magno, Papai Noel termina de colar a última placa de madeira no vagão em forma de gôndola de sua miniatura ferroviária. Ele suspira e retira os pequeninos óculos dourados. Na borda da janela embaçada, uma miniatura de boneco de neve derrete em velocidade.

– Quanta maldade! Não é homem, não é mulher. Não é animal. É o mal, é o mal.

Maximizada Janela Rotacional

– Pelos meus minérios! – Exclama o duende Caracoles. – A criatura extinguiu Bruno Floco de Ameixa.

– E invadiu nosso lar! Armem as defesas.

– Não esperava enfrentar inimigos desde os trigêmeos Mathiesen. – Sussurra Honorário Elias, o vovô pigmeu.

Anões. Centenas de anões. Todos correm de um lado ao outro nos grandes corredores do complexo. Num dos galpões, Esmir, o gigante, puxa com esforço a alavanca “Pão de Mel”. Todas as paredes de aço estremecem e o chão de carpete felpudo ondula com vida própria.


– Começou?

– Acione a esteira do galpão Estrela.

– Os brinquedos estão a salvo!

– Bom trabalho, Esmir.

– Debalexa! Organize os menores e leve-os para as Nozes de Marzipan.

– Confete! Acione a oitava faixa do Vesúvio.

A sinfonia de violino intercala gemidos com trovoadas. A luz do complexo em meio tom.

– Sinistro! Há! Boa peça pregará. Boa peça.

– Silêncio Borma. Agora o temos encurralado.

– Temos, é? 
A descida da alavanca “Pão de Mel” muda a estrutura da fabrica. A música horripilante, o chão que ondula e o labirinto de corredores. Tudo feito para proteger os três corações: Sala de Brinquedos, Sala de Cartas, Casa de Sonhos.

– A coisa vem pela espinha principal. Fiquem atentos!

Mantú anda rápido. A ilusão causada pelo movimento do chão não o perturba. Ele ergue a cabeça ao ouvir uma voz de barítono ecoar pelo corredor, vinda com um vento quente.

“Vá embora. Vá embora.”

E o vento quente aumenta a vazão. O caçador rasga como papel a parede à sua direita, com o poderoso chifre.


Sala de Brinquedos


Imóvel por um longo tempo, Mantú observa o setor onde acabara de entrar. As paredes verdes e aveludadas cospem sem parar muitos brinquedos, dos mais variados, em tamanhos e cores diferentes. Ao tocarem o chão, púrpuro e arenoso, as formas se evanescem por completo. Muito acima, o teto dá luz a um dragão verde e reluzente, que ao contrario da infinidade de brinquedos, não desaparece quando chega à altura de Mantú. Ele envolve o corpo esguio do invasor, soltando vapor em sua face. Mantú firma um dos pés na coxa do monstro e impulsiona o corpo pelas suas costas, riscando a carapaça da criatura com o chifre.
A asa esquerda do dragão atinge o ombro esquerdo de Mantú, e este cai de joelhos. O chifre cintila e é cravado na cauda da fera. Das escamas verdes surge um gladiador com o dorso nu e um elmo negro. As asas recrudescem e em seu lugar brotam braços fortes, manejando uma espada e um machado, respectivamente. Mantú enrola-se na capa e vai de encontro à aparição guerreira. O machado trisca o ventre do alvo e a espada trisca o chifre brilhante.

O gladiador chuta o peito de Mantú e retoma a posição ofensiva, bradando a espada de um lado ao outro. Ele arremessa o machado e salta. Mantú rodopia para trás e crava sua arma na nuca do brutamonte. O sangue espirrado toma forma no ar e se agrupa como um cachorro de três cabeças. A pelagem, os dentes e os olhos; o vermelho predomina intensamente. O Cérbero abocanha com três mandíbulas o dorso do caçador. Ele liquidifica o corpo e se emaranha nos pêlos do selvagem animal, que é absorvido por completo e cuspido como uma bola disforme. Mantú retoma seu corpo trincado.

Blocos grandes e coloridos despencam do teto. Caem aumentando a velocidade e suas configurações complexas. Mantú galga os blocos com destreza até a abertura, mas sua perna esquerda não escapa de uma peça dobrada e fica presa entre as figuras. Resvalando no estranho teto, ele retorce o corpo ao sentir labaredas descendo ao seu lado. O fogo fulgura do pescoço incompleto de um quadrúpede branco que desce pela abertura. A mula lustrosa emite um relincho abafado do peito e a ventosa de fogo arde com intensidade. Em seu lombo há um samurai com a cabeça de uma raposa, manejando quatro adagas. Mantú usa o chifre, que rutila inda mais forte que anteriormente e causa uma explosão que o leva para um patamar acima, perpassando a estranha sala e deixando para trás e em pedaços, todas as ameaças.

Sala de Cartas

O antropomorfo usa os sulcos do trançado de sua arma mágica e cura a pele aberta da perna esquerda. Recomposto, ele afunda os dedos na coluna de cera do escuro ambiente onde acabara de se refugiar. Um tacho de fogo é aceso no topo da coluna. Brilha a vela corpulenta que clareia uma esfera bem definida em seu contorno. 

“Oi papai Noel eu tenho oito anos minha mãe pediu pra eu escrever para o senhor. Eu tinha um boneco do vovô me deu, ele fez com o galho da arvore de jabuticaba. E eu perdi ele. Se o senhor puder achar eu queria mostrar pra mamãe. Eu não queria perder o boneco que o vovô deu. O vovô já foi para o céu. Eu sempre me comporto o ano todo, ai nesse ano papai Noel o senhor pode mandar o boneco junto com o carrinho de ferro que o Pedro da escola ganhou do tio dele eu quero um pra brincar junto e com o boneco também. Ta bom? Obrigado papai Noel .
Feliz Natal.
Lucas “

“ Este ano eu vou acordar no natal e ver você papai Noel. Daí não fica com medo por que vai ser eu. E eu quero uma arma igual a que minha mãe mexe no quarto dela. Daí meu pai disse que os vermes do vizinho que fala engraçado não vai nunca atrás de mim. Beijo papai Noel .
Alécio
12, novembro 1972”

“ Pai Natal , boa noite para o senhor. Sei que mora muito longe e é muito frio e eu não quero te aborrecer. Minha irmã ta com muito frio também. A mamãe colocou ela numa caixa. Você pode dar uma coberta pra ela e eu quero uma boneca.
De Ana.”

“São Nicolau, traz tua luz generosa nesta passagem tão bela. Que o amor espalhe sua benção por toda a eternidade. Amém.

Cristina P. Gaudério

1898"


Papai Noel termina de ler a última carta e a joga na imensa pilha ao seu lado. Sua aparência é de um adolescente de cabelos castanhos despenteados. Os olhos estão mareados por conta da difícil leitura das letras miúdas. Ele levanta de cima de um monte desorganizado de envelopes e escorrega para baixo.
A voz de Mantú enlaça a obscura sala:

– Creio poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo. ¹

A voz de Papai Noel responde em tom maior e apaziguador:

– Em uma vasilha, faça uma bola rasa com cem gramas de farinha de trigo, o fermento e um pouquinho de água. Deixe descansar por quinze minutos. Após o descanso, adicione frutas secas e as uvas e faça uma massa bem macia. Deixe descansar uma vez mais, coberta por um pano. Após este descanso, faça bolas cheias e fofas, coloque em formas e deixe descansar novamente até quase atingir o dobro do tamanho. Após tudo pronto, pegue uma lâmina, faça os cortes em formato de cruz em cima de cada panetone, puxe as abinhas para fora e coloque por cima uma colherinha de manteiga sem sal. Leve para assar em uma forma de papel. Reparta com os amigos. Pois é de amigos que tudo se trata.

Mantú passa os dedos afiados sobre o queixo pontiagudo, ressabiado com o assunto.

– O tumulto é a linguagem daqueles que ninguém entende. Se a história ensina alguma coisa, é que o mal é difícil de vencer, tem uma resistência fanática e jamais cede por vontade própria. ²

Noel altera sua forma humana, de um jovem esbelto, o corpo assume feições de um adulto corpulento; de rosto corado, os olhos verdes e fulgurantes a fitarem com grande luz o impiedoso invasor.


– Misture leite condensado e leite de vaca. Bata na tigela, com um garfo, os ovos de galinha selvagem. Esquente uma panela de ferro cheia com óleo, mas não deixe ficar tão quente. Passe as fatias de pão amanhecido na mistura de leite e depois nos ovos batidos. Frite até dourar de ambos os lados. Passe no açúcar com canela. Agradeça seus pais por tudo que você é e coma com a gula livre de remorsos.

O caçador extraterrestre se atraca a coluna de cera da vela gigante e a derruba em direção as cartas.

– Eu acredito em tudo, até que seja contestado. Assim, eu acredito nas fadas, nos mitos e em dragões. Tudo existe, mesmo se estiver só em sua mente. Quem é que poderá dizer que os sonhos e os pesadelos não são tão reais quanto o aqui e o agora? ³

Papai Noel sopra a ponta em chamas da vela antes dela cair por sobre os papéis amarelados.

– Tempere um gordo Peru com todos os temperos que tiver em seu jardim. Deixe-o, já de véspera, enterrado na neve, de molho nos temperos, virando-o a cada quatro horas. No dia seguinte, prepare o recheio com castanhas portuguesas cozidas, uvas passas, manteiga, farinha, miúdos e recheie o peru. Com cuidado para não encher demais o papo, costurando as cavidades. Prenda as pernas do peru uma na outra, decorando com papel recortado, preso com uma linha. Besunte-o todo com manteiga e o ponha na assadeira, de papo para cima. Cubra todo o peito com fatias de bacon divino. Regue com vinho branco italiano. Cubra com um papel alumínio e leve a assar em forno de lenha. Após uma hora e meia, descubra-o, regue com o caldo da assadeira e volte ao forno ainda coberto. Uma hora depois, descubra-o e deixe até que tome um tom dourado escuro, regando, a cada quinze minutos, com o caldo da assadeira.

Papai Noel retira uma pequena trouxa com Pó Saltitante e a arremessa no chão. Suas botas brilhantes sapateiam e toda a grande barriga de Noel chacoalha de encontro a Mantú. Os dois rolam pelo chão com o impacto. Noel espreme o caçador contra o chão. O corpo cinza derrete no solo de cartas e desaparece. Uma passagem em arco, feita de paçoca, abre-se e do recinto reluz um jogo de cores embaralhadas. As renas gigantes avançam em marcha e são interrompidas pela voz de seu amigo:

– Afastem-se. Está dentro de mim.

Toda a família natalina se reúne na Casa de Sonhos.

– Venha pra cá, Nicolas. – Grita Jenipapo, o duende da Folha.

Casa de Sonhos

Papai Noel retira outra trouxa da cinta e salpica Pirlinpinpin pelo corpo. Sua fisionomia muda diversas vezes. Ora Noel, ora Mantú, ora duende, ora anão. Numa luta solitária de feições retorcidas, ele flutua até a Casa de Sonhos.

– Tranquem a porta! Isso acaba aqui! – Exclama Selanofix, afastando os presentes em um grande circulo.

O chifre no punho de Mantú rasga o peito de Noel e o corpo parasita cambaleia para fora. Papai Noel emana uma luz branca de todo o corpo, recompondo-se por inteiro. Sua mão firme agarra o chifre em espiral.

– Teu pensamento revela o extremo da abominação.

Mantú urra de dor enquanto o chifre vibra com um ruído de pistão vindo de dentro do seu corpo extraterrestre. O punho é destroçado com o nascimento de um crânio comprido. O antebraço é partido ao meio e o corte sobe até o ombro. A forma presa ao chifre revela uma cabeça de cor rosa e olhos de um azul profundo. O sangue negro do caçador jorra sobre Noel. Renasce o unicórnio, abrindo Mantú ao meio.
– Bem vindo à vida. Uma vez mais, magnífico Vurukatte.

Como uma harpa mágica, o unicórnio relincha, inclinando-se em reverência ao Papai Noel.

– Nicolas, encontraram uma nave. – Desabafa Debalexa, esbaforida.

Anões, duendes e gigantes circundam o corpo destroçado de Mantú.

– Chegamos à véspera de Natal, família querida. Empacotem a carcaça da criatura e carreguem meu trenó. Quando eu retornar, exploraremos a nave. Refaçam Bruno Floco de Ameixa e desliguem as armadilhas do castelo. O pior passou. Não me esperem para a ceia. Vou jantar com o Patinha de neve.

Papai Noel retoma sua forma de criança e sai correndo pelos corredores, desejando Feliz Natal a todos que lá se encontram.

¹ Mahatma Gandhi ² Martin Luther King
³ John Lennon

quarta-feira, novembro 28, 2012

Policiais plantando Maconha

Tratamento Revolucionário para Criminosos, cria cena inusitada no interior do Brasil.

Após um ano do fechamento do "Caso das Ervas" no Brasil, o pais começa a usufruir de vários benefícios, causados pela legalização da maconha e de diversas outras plantas que eram consideradas prejudiciais à sociedade. As pesquisas científicas já surtiram efeitos, além de mudanças sociais: a ocorrência de crimes violentos reduziu em mais de 50%. "A relação é direta,  pessoas sobre o efeito da cannabis ficam muito mais calmas e relaxadas, menos propensas a reações agressivas, e isso tem afetado profundamente os antigos quadros de criminalidade do país" diz o Dr. Eder Valadares, psicologo e um dos maiores responsáveis pela conscientização da possibilidade do uso benéfico das drogas nos últimos anos. 

Policial Matheus Henrique está muito
feliz com a sua nova função
.
Mesmo com enorme redução de crimes violentos, o governo ainda busca reduzir mais. Usufruindo da nova Lei que permite o plantio livre da maconha, sete estados brasileiros adotaram uma inusitada modificação em seu sistema prisional: dar maconha para os prisioneiros. O processo nada mais  é que uma tentativa de amenizar a pena dos criminosos e cortar gastos com os presídios. O prisioneiro, se for acusado de um crime violento, passa por um exame psicológico, e se adequar-se ao que está sendo chamado de "Quadro de Agressividade Reversível" ele recebe liberdade condicional, desde de que ele se disponha a consumir uma quantia específica de cannabis por dia. Desta forma é garantido que ele não venha a cometer crimes novamente. Cerca de 15% dos presos já estão inscritos nesse processo de condicional, mas a previsão é que chegue a 30% até o final do ano que vem.

E de onde vem toda essa cannabis? Do local mais improvável e inusitado: dos próprios policiais. Com a diminuição dos crimes, a necessidade de policiais nas ruas foi amenizada. O governo então usou os mesmos policias para uma "operação" no minimo irônica: plantar maconha."Muitos policiais estavam sendo dispensados de seu serviço e até mandados embora, por simples falta do que fazer.Graças a isso muitos dos nossos policiais voltaram à ativa." afirma a Tenente Maria.

O trabalho, que agora é inverso de antes, não parece incomodar os policiais. Aparentemente eles preferem muito mais a vida tranquila do plantio do que a perigosa vida nas ruas. " Eu sempre fui a favor da legalização como forma de amenizar a criminalidade, mas nunca pensei que eu faria parte desse processo tão diretamente" diz  o Policial Matheus Henrique, cujo pai era usuário de maconha quando ainda era proibido. Mas o trabalho nas plantações não reduzem as obrigações de seu posto, muito pelo contrário, apenas adiciona mais uma função ao corpo policial. "Em caso de qualquer emergência, ou situação de conflito, a preferencia é o mantimento da ordem." avisa.

Apesar do sucesso do novo processo, os cristãos radicais não tem sido favoráveis á isso. O Pastor L.S. Donato falou em seu programa que "a erva maldita é um artifício do demônio chamado Diá, para controlar suas mentes.Os prisioneiros que creem em G-Ová deveriam recusar o tratamento". Aparentemente isso pode ter alguma relação com o fato de que a maioria dos presos por crimes violentos são cristãos radicais. A Igreja de Nosso Senhor Jah Rastafari não se pronunciou oficialmente sobre isso, que aparenta ser uma ofensa direta.



Trecho de Jornal Enviado do Futuro

 por Doutor Ontem em Furquim, Minas Gerais no dia 10 de maio de 2015 

para Jônatas Santos em Ouro Preto, Minas Gerais no dia  28 de Novembro de 2012.

quinta-feira, novembro 01, 2012

Disque vigarista

Hello, stranger. DIAL #545454# (hashfivefourfivefourfivefourhash)

Select : English 01/ Portuguese 02 / Balrog Punch 03


02*

Hoje, em sua rota, aquele décimo sexto carro branco à frente é o que impede o fluxo. Pondere sobre o beneficio de perder 3 minu
tos em caminhada até o dito veiculo e acertar a fuça do ditongo que o dirige.

Troque o rádio para AM, volte para FM, novamente para AM e por fim permaneça na FM.

*UNLOCK*

"It can cut you like a knife, if the gift becomes the fire
On a wire between will and what will be

She's a maniac, maniac on the floor
And she's dancing like she's never danced before
She's a maniac, maniac on the floor
And she's dancing like she's never danced before"


Bata os pulsos no volante, chacoalhe a cabeça, acelere, freie, acelere, freie, acelere freie. YEAH!

Devido ao sucesso, esta ligação não será cobrada... zórg zórg zórg

tutututututututututututututututututu

Disque Éris
zero ao contrário, oito oitos, oito setes, oito

quarta-feira, outubro 24, 2012

Sobre o Certo & O Errado

SOBRE O CERTO E O ERRADO - Mortinta Knobina, Sacerdotisa da Cabala Erísiana dos Treze Portais de Oz

Daleth se aproximou com uma cara muito esquisita quando Aleph indagou qual o problema que lhe afligia. Rapidamente Daleth começou a vomitar um emaranhado de problemas. Aleph, por educação ou atenção, ficou ouvindo, as vezes tentando esconder o riso e torcendo para Daleth não perceber. 


“Compreende? Parece que tudo que eu faço está errado - disse Daleth

 com aquela expressão triste.
“E qual é o problema em estar errado? – perguntou Aleph com um sorriso malicioso nascendo no rosto.
“Como assim, Aleph? Errar implica em Erro. E Errar é algo que devemos evitar para que possamos levar uma vida em harmonia.
“Eu conheço muitas pessoas que fizeram coisas Certas pelos motivos Errados. Ou melhor, fazendo coisas Erradas, no fundo, acabam tornando as coisas muito mais Certas de como elas estão no momento.

“O que vc fumou Aleph? Está falando coisas sem sentido.”
“Vem comigo – disse Aleph com um sorriso misterioso mesclado com um tico-tico de fubá”
Aleph e Daleth pegaram um ônibus qualquer e desceram em um lugar que não nos diz respeito no dado momento. Aleph seguiu caminhando junto com Daleth, ambos quietos, até encontrarem uma avenida muito movimentada. Aleph se aproximou da primeira pessoa e comentou:
“Nossa, como o tempo está horrível hoje, não é?” – O sol brilhava forte em um lindo céu sem nuvens. O transeunte apenas ficou olhando para Aleph com uma cara de “o.O” o que esse cara usou?

Aleph continuou sua aventura e de repente ouve alguém gritando: EU VENHO DO PLANETA ÉRIS – EU NÃO SOU DAQUI – era o mendigo local, famoso Astronauta do Lixão que fazia sua palestra diária na praça municipal regrado de muita pinga e vinhos sacrossantos. Aleph se aproximou e trouxe Daleth a força, apesar de sua clara relutância. Daleth não via os mendigos com bons olhos.

EU VENHO DE LÁ TAMBÉM – disse Aleph - MARIPOSA, ALFAIATE, AZUL CERÚLIO E LAMPIÃO

O Mendigo por um segundo o encarou como se não soubesse do que Aleph estava falando e logo em seguida caiu em uma gargalhada. Aceita uma pinga? – Aleph bebericou imediatamente e passou a garrafa para Daleth, que nem sequer a tocou, e o olhou com olhar de nojo.
-Aleph... eu sei que você sempre foi meio pirado... mas agora você está saindo dos limites...
-Daleth. Aprenda a Estar Errado
-Como assim Aleph, para beber pinga com os mendigos?
-Não, seu bobo. Pra aprender que estar errado também está certo.

Daleth não compreendia o que Aleph estava querendo dizer, então Aleph começou a fazer a coisa mais louca que Daleth já havia visto:
Aleph olhava para o céu sem nuvens e exclamava que possivelmente viria chuva. Começou a fingir que estava tremendo reclamando que estava muito frio para os padrões de seu planeta natal, Mercúrio. Começou a plantar bananeira insistindo que o Céu era para baixo e a Terra era para cima. Afirmou que a Carminha era a maior santa das novelas da globo. Afirmou que a TV Cultura era um canal muito pobre em cultura. Comentou sobre como era exemplar a atitude dos políticos brasileiros. Anunciou que a Presidenta Dilma não é humana, mas sim um Beta Gray de Zeta Reticuli disfarçado de humano.

Daleth não estava entendendo coisa nenhuma e o mendigo estava cagando de tanto rir. Até que Aleph parou e olhou para Daleth com um sorriso e disse: Não estou certo?
Daleth respondeu: Não. Está errado. – Não entendi o que quer dizer.
-Que você não precisa estar certo o tempo todo. E que estar errado está tudo bem. Na verdade, você deveria passar o dia inteiro comigo fazendo tudo errado, para amanha quando não fizer algo certo, saber que está tudo certo.
-E pra que vou querer fazer tudo errado hoje se posso tentar fazer tudo certo?
-Pra amanha você não vir reclamar que fez algo errado quando tentava fazer tudo certo.

Os dois passaram o dia inteiro fazendo tudo pelo contrário e Daleth nunca mais ficou chateado quando estava errado sobre alguma coisa.

E AO OUVIR TODA ESTA CONVERSA, ALGUÉM FOI ILUMINADO

sexta-feira, outubro 19, 2012

Consciência Ùltima

Reinaldo Ribeiro
O termo "consciência convencional" diz respeito a exatamente o quê? Há uma consciência última em oposição a ela? O que as diferenciaria? Alan Wallace quando esteve no Brasil falou em três: consciência grosseira, consciência sutil e consciência última.A consciência grosseira é a nossa identificação com os sentidos físicos e os pensamentos e emoções. É ela que produz, na sua confusão, a noção de um "eu". Ela possui uma continuidade extremamente restrita.A consciência sutil são os padrões cármicos arraigados que produzem consciências grosseiras vida após vida. Sua continuidade é maior, mas não ilimitada.A consciência última é o aspecto luminoso da vacuidade. Quando se diz "vazio é forma" está se referindo a isso, ou também quando se diz que o dharmakaya é prenhe de todas as possibilidades.A disputa entre as escolas se resume em quatro posições:1) Visto que é possível transformar esta terceira consciência num objeto e reificá-lo, algumas formas de budismo se apegam ao antídoto e produzem uma negação quanto a esse conceito.2) De uma forma um pouco mais sofisticada, algumas tradições afirmam coisas tais como "natureza de buda", etc. Isso equivale a praticar de forma não-causal e abandonar a noção de um resultado, já que o resultado está presente desde o "princípio sem princípio".3) A posição de Nagarjuna como interpretada por Chandrakirti, porém, não cai em nenhum extremo de afirmação ou negação, e apenas revela esta natureza através de "domar tudo a ser domado", mostrando o equívoco na manutenção de qualquer fixação a doutrinas.4) A partir da posição de Nagarjuna, todas as diferentes doutrinas surgem como meios hábeis a serem utilizados em relação a necessidade dos seres. Assim, como não há antídoto a ser aplicado ou aperfeiçoamento a fazer, nada é desperdiçado.Encontraremos por todo lado praticantes e professores do dharma mais ou menos fixados em qualquer uma das quatro formas, seja por ação compassiva de ensinar aquilo que os seres precisam e não o que ainda não são capazes de entender, seja porque eles ainda mantém fixações a teorias e sustentam suas opiniões. Creio que é noção comum que o próprio Buda ensinou das quatro formas simultaneamente, mas como não somos oniscientes, em geral surge um carma de preferência e a necessidade de defender idéias desse ou daquele tipo e aplicar antídotos.
...Nesse âmbito, tudo soa nonsense. Quando nos referimos a "mente", estamos falando dela como um objeto, mas a mente "última" é a fonte de sujeito e objeto, ou ainda, a coemergência de sujeito e objeto, e em nada difere da própria vacuidade.Porém, até mesmo "vacuidade" pode se tornar um ponto de fixação. Algumas professores até mesmo dizem que um sutra como o Prajnaparamita ainda revela uma leve tendência niilista, apesar do "vazio é forma, forma é vazio". Eu discordo deles, porém a questão da luminosidade do vazio só vai ficar realmente clara em textos tais como o Uttaratantra de Maitreya. De uma forma mais simples, se pode dizer apenas que todos os conceitos são meios hábeis, e não pode haver um conceito cujo sentido em si seja o entendimento ou realização daquilo que nos interessa, o dharma. Quer dizer, o vajrayana brinca com isso através do próprio termo "vajra" — mas isso é um meio hábil que algumas pessoas de bom mérito podem usufruir, não é meu caso. Em certo sentido, vajra, mente última, vacuidade, natureza de buda, perfeição da sabedoria, grande perfeição, nirvana, dharmakaya, etc — embora não sejam a mesma coisa, referem-se a mesma coisa, a qual não pode ser perfeitamente adequada a qualquer conceito. E é claro, se quisermos ir mais longe, em outras tradições religiosas, por exemplo, com certeza encontramos muito mais palavras. É muito importante que não achemos que prática espiritual é ficar descobrindo novas palavras e novas conexões entre as palavras. Descobrir que Fulano é outro nome para Beltrano não diz nada a respeito de conhecer a pessoa, chamemos ela de Fulano ou Beltrano. Há uma natureza última da consciência a ser conhecida e/ou realizada ou uma consciência última?As duas perspectivas existem, as duas não são definitivas, a segunda é mais sofisticada que a primeira. A prática pode ocorrer de forma causal, em que buscamos algo, ou de forma não-causal, em que usufruimos de algo. A prática causal é feita com grande esforço, e leva um longo tempo. Em termos não-causais, ela pode ser sem esforço ou com esforço. A prática sem esforço é melhor, para aqueles que são capazes dela. Para pessoas como eu, porém, isso são só palavras a que eu me apego. Porém cabe sempre lembrar que enquanto houver a noção de que algo esteja acontecendo, sendo descoberto, realizado, ou que nos dê qualquer espécie de conforto ou segurança, devemos perceber que isso é apenas um sonho, e assim não nos vincularmos a nenhuma espécie de fenômeno particular. As teorias filosóficas, o chocolate e o sexo estão nessa categoria.

segunda-feira, outubro 15, 2012

Compilações de um A

Era um instante antes da tempestade e joguei uma moeda dentro do trovão. O trovão provou e sentiu que era bom. O trovão multiplicou a moeda. A tempestade provou e sentiu que era bom. Então a tempestade caiu com uma miríade de moedas. As pessoas tombaram com as moedas fincadas pelo corpo.
Tombaram felizes e ricas.
"Mentira!" disse uma grande, gorda e cinza Cumulonimbus - "Agradeça a industria do alimento" .
Saí de casa para comprar miojo, apenas.
No meio do caminho perdi as malditas moedas. Anarquizei a mente, pois a desordem é a mentira do otimismo. E como brilha o otimismo quando está correto!

Como visto em: Turmei // Compilações de um A -1998 - Editora Cipó

terça-feira, outubro 09, 2012

Moleira do ABC


A B
.


Parece metal retorcido que escorre pelas veias, que me impede de passar.

 C D E F
Essa força magnífica flui com fel pelo caminho.

GHI
Este alfabeto estúpido, entupido, que me impede de passar,

JKLMN
me impede de passar, me... passar...

OPQ
A substância misturada preenchia as mentes;
delírio vai, perturbação e confusão.

RSTUV
O ar viciado esmagavas, esmagavas,
esmagavas, esmagavas, esmagavas.
WX.O alfabeto estúpido, entupido, que me impede de passar, me impede de passar. Me impe|
.


YZ

observação malkaviana

só tem doido, de uma forma ou de outra.

sexta-feira, outubro 05, 2012

Cosmogonia e a Rosa dos Ventos


Uma fagulha cruza o universo por uma era indefinida. Esta fagulha, azul e amarela, espoca nas mãos de Elohim. A fagulha luminosa se retorce e toma uma forma carnal, similar ao que viria a ser o homem. Elohim utiliza o planeta Terra para cultivar a vida. Ele cria um panteão chamado Egrégora. Para lá são enviados deuses de outras dimensões...

Elohim os abandona para todo o sempre.

Na floresta mais densa:

- Vento! Devolva-me a carne. Oh servo da danação, que o fogo divino te cegue e minha fé em Elohim esmague-o. Liberta-me, pois não tens o direito.

Terra não pode mover-se. Os galhos de uma árvore podre trespassam seus braços, penetrando na barriga e entrelaçando a espinha.

 “Ronronar a revolta, renova a ruína, ruim, ruína, ruim e ruim. Ruma à relva, oh réu repugnante”.

O som gutural escorre pela terra lodosa e enjoa os ouvidos com seu tom putrefato. Vento encara o deus cativo, encurvado sobre uma pedra preto azeviche no escopo da nascente de um rio.

No panteão Egrégora:

 Água e Fogo observam a situação através das muralhas verdes de fumaça.

- Como pôde este demônio acumular tamanho poder em meio aos terrenos?
- Vento acumulou conhecimento da Natureza, bebendo na fonte ancestral. O que fazíamos neste ínterim?
- Mel, carneiros e ambrósia.
- Sim. E tu ainda sorris da onipresença, Fogo?
- Não tente o coloquial mundano em nossas moradas, Água. Deixe para Elohim e Terra, resolverem o entrave.

Luz adentra o salão. As muralhas de fumaça verde aumentam sua vazão e as imagens ficam nítidas.

- Olhe bem, com tua visão destreinada. Aro perfeito de liga prateada é o teu olho, Fogo. Só lhe concerne o imaginário tolo que inseriu na cabeça dos mortais. Fúria abominável, deus sol, derrotado!

Corado e nervoso, Fogo afastou Água de seu lado e afundou a face quadrada na fumaça.

Na floresta mais densa:

- Rutila a revoada. Rosto roto. Reclamo o receptáculo.

- Elohim não permitirá que uma força demoníaca desnorteie a humanidade e aqui estou, pelos deuses do panteão, para frear tua gana.

- Ralha-te ruminante.

Vento dissolve seu corpo sobre a pedra preto-azeviche. Um aroma de eucalipto envolve o lugar.

No panteão Egrégora:

Fogo balança a cabeça de forma negativa. Joga o corpo em um pequeno monte de plumas.

- Bobagem a contenda. Aquele ser não tem forças para nada. A figura do diabo é mais interessante que aquele porco feito de ar.

- O conhecimento que leio naquele ser é mais vasto do que o nosso.

- Terra é um humano com regalias de um deus. Confiei-lhe a missão de deter Vento. Você está certo Água, o conhecimento alimentou o poder de seu irmão.

Um estrondo percorre o salão e pelas cortinas de cetim passam Tempo e Espirito de braços dados.

- Luz, seu velho! Abra logo as palavras para o expansivo Fogo.

- Não passam de enfeite, esquecidos até pelos terrenos.

- Fogo... Há uma década, Água encontrou a Rosa dos Ventos. Estava nas mãos de Vento.

Fogo ergueu-se sobressaltado. As plumas chamuscadas, voaram ao seu redor.

- Pilhéria, meu irmão. O inferno não pode conter a língua traiçoeira de Água. A Rosa dos Ventos foi-se com aquele vexame do Mar Morto.    

Ao redor do mundo:

Direita
Um carro permanece, boa parte da manhã, engripado no poste. O resgate já conduziu o motorista acidentado ao hospital mais próximo. O guarda de transito desvia o fluxo de veículos para uma rua adjacente. Donas de casa preparam doces de amêndoas seguindo a receita dada na televisão. 

Esquerda
Seguem os protestos na praça em frente à sede do governo. O bloco de pessoas entoa canções de cunho político. Apinham-se cartazes com mensagens sociais imperativas. Na segunda investida do batalhão de choque, os revoltosos são por fim dispersos. A contenção progride em direção ao rio, em meio a pau e pedras. Os contidos dão ré, em meio a gás e borracha. Um pedreiro coça sua cabeça ao observar o erro de medida na junção de duas paredes.

Cima
Numa plataforma, o monitor repassa instruções de como proceder para um salto bem sucedido. Mas uma das garotas chora compulsivamente. Talvez o salto seja cancelado. Uma jovem executiva dobra a barra de seu vestido enquanto aguarda um café expresso da maquina nova.

Baixo
Para levar o cervo abatido até a vila, três homens se prontificam. O caminho menos tortuoso é pelo rio. O bote é antigo, mas agüenta, em seu limite, o peso de todos. A cabeça do cervo segue submersa na água.

No panteão Egrégora:

Luz acaricia um globo espelhado. O sol reflete a manta de ouro que adorna seu corpo. Harpas flutuantes ressoam ao redor. Som derruba os instrumentos no chão e se ajoelha ao lado de Luz.

- Está certo da posse da Rosa dos Ventos? Água me contou os problemas recentes, entes, entes.

- Foi vista através da muralha de fumaça. Vento a manuseia todas as noites. Está aprendendo os mecanismos.

- Mas a peça é gigantesca. A própria Natureza a cunhou antes de entrar em transe. O querido Vento está fora de eixo. Que farei sem ele, ele, ele?

- Demônio esfolado do abismo de Furfur. Vaga no planeta desde o sempre. Nunca se deu o trabalho de pisar aqui em Egrégora.

- Ouço seu resmungo rouco. Terra está preso em seu próprio Elemental. Natureza poderia salvar sua forma humana daqueles galhos, galhos, galhos.

- A folha da floresta goteja uma seiva em seu dorso. Só o Tempo responde quando se livrará.

Tempo surge sem sua face na frente de Luz e Som.

- Digo que não tenho mais passagem a responder. Agora, antes ou depois. Espírito sentiu o limite há pouco. A última trava da Rosa dos Ventos foi deslocada por Vento.

- Baixo ente. Com ele não quero ter. Elohim deixou-nos a Rosa como sendo a guia de direções para os humanos. A mim, me corroeu por todo o sempre a curiosidade de saber o que aconteceria se a última trava direcional fosse deslocada. Mas o ato em si, gera temor.

Estalos ribombam do raio que hachura o céu. A pele de Luz retesa como a de um velho no frio. Fogo corre em direção à muralha verde de fumaça.

- A Rosa dos Ventos foi acionada!

Espírito encarna o corpo de Som.

- Você fala em temor, seu patético. Tu és um deus. Que são os humanos?

- Lunáticos, sim eles são, Espírito.

Água escorreu temeroso pelo piso de prata.

- Não subestimem a humanidade. Acontece agora uma catarse no planeta. Eles estão descobrindo a nova direção liberada por Vento. Vão vir todos nos visitar? Preparem-se.

- Espírito? Olhe minhas chamas. Ceifarei muitas vidas que aqui ousarem chegar.

Ao redor do mundo:

Direita
A aeronave, com duzentos passageiros, inclinou suas asas para baixo.
- Já vamos pousar?
- Não, não. Creio que não. Mal deixamos o aeroporto.
- Mas eu queria mesmo mudar. Ir para lá. O que você acha?

Esquerda
- Queridos, hoje vamos numa excursão.
- Professora, nós vamos para lá?
- Vamos sim... Por aqui, para lá.

Cima
Dois amigos conversam nas areias de uma praia.
- E é por isso que eu chamei a Carla para morar no meu apartamento.
- Sabe que penso agora, numa consciência de estar aqui e existir no mundo? Poderíamos...
- Ir pra lá? Vou ligar para a Carla quando chegarmos.
E os dois se juntaram a uma pequena turma de pescadores.

Baixo
Um comboio do exército sai de uma estrada esburacada na mata.
- E dá uma vontade, senhor, de metralhar qualquer um que não deixar a gente fazer um reconhecimento. Entende?
- É o que todo desbravador faz quando se move para lá, soldado.

No panteão Egrégora:

- Rompante risonho, revela revolta!

Vento percorre de uma ponta a outra a Egrégora.

- Já é tarde, Vento. Tarde para censurarmos seus atos. Tarde para desfazer a percepção dos homens. Brinque à vontade. Aguardemos a chegada de todos. É o momento de uma nova hierofania.

- É engraçado. Vejo as primeiras pessoas avançando nas novas terras. Qual poderia imaginar que além da direita, da esquerda, frente e atrás, baixo e cima, poderia ocultar-se uma direção completamente diferente? Pudera eu que tudo sei, ainda ter estas surpresas.

- Não, Espírito. Ainda pode se surpreender. Veja quem chega antes por nossas portas.

Terra passa por todos, sujando de lodo o caminho. Vento o encara com um sorriso aberto. Terra zune uma espada no ar e a crava no peito de Vento.

- Ele sangra! Oh Elohim, que mal foi liberado em ter alterado a Rosa dos Ventos?

Água abraçou Terra e cochichou em seu ouvido:

- Somos humanos, enfim?

- Foi o preço da catarse humana.

Os deuses debulham-se em lágrimas, desorientados pela Egregóra. Clamando pela força criadora maior, silenciosa em sua eternidade.

- Elohim, Elohim. Onde está tua força?

Uma nova direção:

- Olhe aquelas pessoas, filha. Parecem perdidas e confusas.
- Papai... Já que chegamos até aqui, que é lá, antes, quando havíamos partido, podemos fazer o que quisermos?
- Eu também me sinto estranho, filha. Mas eu tenho uma arma.
- Se o senhor tem uma arma é melhor começar a usar. O brutamonte de rosto quadrado está vindo com tudo na nossa direção.

“Atenção, aqui é o exército da ONU, afastem-se do perímetro e aguardem instruções”

- Permissão para abater a ameaça senhor.
- Deus! De onde surgiu aquele carniceiro?
- Ele veio... Aparentemente... De lá, senhor.
- Elimine o alvo, soldado. Vamos civilizar esta bela região. Há muito a se fazer.

quarta-feira, outubro 03, 2012

Verter





Diz o líder a sua turba:

- De nossos próprios corações obtemos o cálice maior da pós-vida. A insegurança que habita nosso invólucro será execrada. Regressamos no pó do pó. Paz, como uma manta, a tudo preencherá.

O nome é Beatriz. Dezoito anos do corpo curvilíneo, moreno, tenaz. Olhos oblíquos, grandes e expressivos. Piscam em câmera lenta para o púlpito. Púlpito azul claro de pupilos estigmatizados. Púlpito de seda vermelha, pupilos despidos enfileirados. Palavras-verdade que doem num mantra interminável, indelével.

- A família externa é só, e assim foi por muito tempo, uma base borrada, à parte da verdade nua, primordial. Verdade una que te traz à família final, fraternal. Somos a cópula de amor. Final, una, fraternal, nua.

O coral suave repete palavras firmes. Quatro cantantes de tessitura alva, hipnotizante.
A melodia percorre o salão pobre de paredes descascadas, os pés de cinqüenta pessoas pisam a terra batida e o corpo balança num ir e vir sem sair do lugar.

- Já sabem. Já tem certeza. Seus pulsos firmes têm a decisão que lhes propicia uma eternidade tangível, confortável. Não cansa mais a procura do arroz e feijão, o abate da galinha, do porco, do boi. Vocês sabem que a verdade da fome é um câncer perigoso. Não é natural viver buscando o ouro para mastigar a comida. A natureza fornece o que comem aqui. E aqui, quantos cansaram o corpo por abater a galinha, o porco, o boi? Ninguém. Nenhum. Por que é tudo unificado. Somos um pensamento universal.

Rostos sorridentes, armados com dentes amarelos. Felicidade estampada. Balançavam mais e mais. Beatriz ergueu os braços finos, escorrendo os dedos nos longos cachos de cabelo. Esta feliz. Mais que um sorriso, ela ri. Risada aberta, honesta.

- Há meses lhes foi entregue a chave da verdade. A liberdade plena. O coração liberto. Somos especiais. Preparados para a grande viagem que a Luz nos preparou. Eu sou feliz, sou transbordante, pois a Luz visitou meu corpo sacro e através dele me faço de instrumento para que cada um de vocês prove a verdade. Caminha só quem tem o passo certo. Se você esta aqui, sinta meus olhos na sua alma. Sinta a unidade.

Sol ardente, escorrendo as três da tarde, nas janelas grandes e gradeadas do salão. O matagal alto, parado pela ausência do vento, vai de uma planície a outra. Terreno irregular, difícil de definir. No cenário picante deste isolado local, cinco homens correm selvagens, tropeçando e arfando. O retardatário, mais obeso, com olhos vermelhos e suor abundante olha para o céu. Ele avisa roucamente, os que vão à frente:

- Urubus. Urubus em circulo.

Não comentam a observação. Nem ao menos tiram o olhar do mato alto. Apertam a corrida e avançam. Surge um telhado cinza, metros à frente. E a visão vai se ampliando. Cruzam com uma placa de madeira espetada num toco, escrita à mão, lê-se Luz Eterna”. Os homens não param para ler. Já sabem onde estão. Eles conhecem o símbolo abaixo das letras, uma estrela com uma meia lua no centro.

- Ah meu Deus do céu. Ah meu Deus do céu. Proteja minha criança. Não vai dar tempo... Não vai dar... Meu Deus, por favor.

O homem a frente de todos suplica com voz embargada, olhos lacrimosos. Rosto moreno desmanchado em dor. Contrario ao corpo firme, resoluto nos passos corridos.

- Tenha fé. Tenha fé! Vai, vai, vai...

- O templo! Olhem lá.

As galinhas livres saltam e cacarejam, batem asas trombando nos homens. Porcos e bois dividem o mesmo cubículo de lama, alvoroçados com os esbaforidos recém-chegados. Corpos putrefatos, mal enterrados e exalando carniça, assustam os homens.

- Vamos irradiar a força do cosmo. É hora de atravessar o principio da Luz Eterna. Abençoados. Vocês são todos abençoados! Flutuem até minha alma. Flutuem até minha alma. Flutuem!

Correm pela lateral do salão. Um deles começa a bater no vidro, passando de janela em janela. Bate no vidro, puxa a grade. Força a visão para o lado de dentro. Há muita gente. Num púlpito improvisado com caixotes, um homem magérrimo, cabelos desgrenhados, seminu, aparece em êxtase discursando algo ininteligível.

- Beatriz! Beatriz! Beatriz! – Ele retira um revolver da cintura. – Beatriz Sanssamariana!

Todos os cinco sacam revolveres. Só há uma porta lateral, lacrada por tábuas grossas e acorrentadas.

- A minha família é a unidade da verdade que nos completa até hoje, aqui, no solo sagrado. É aqui que nossos corpos vão ficar! As carcaças sem brilho. Espera-nos a Luz Eterna.

“Luz Eterna”
“Luz Eterna”
“Luz Eterna”

Galões de cem litros, impulsionados por vários voluntários, caem no chão de terra batida. Beatriz retira a camisola. Todos os presentes retiram suas camisolas idênticas, brancas e surradas. O salão fede gasolina, empapada com a terra vermelha. No púlpito, o guru geme alto de olhos fechados. As cantantes do coral interrompem sua melodia de vogal única. Embocam mais gasolina sobre seu líder.

- Beatriz! Por favor, Beatriz! Sou eu... Seu pai, Beatriz. Beatriz! Aqui, Beatriz!

A jovem vira o rosto na direção do pai desesperado. Seus olhos estão vazios, sorrindo. Ela deita no chão. Todos deitam. Esfregam-se no lamaçal.

- Desgraçados... Desgraçados... Filhos da puta! Desgraçados! Ah Pai do céu! 

Ele se pendura na janela, tenta clarear sua visão da filha no meio da maçaroca de corpos. Os outros quatro homens já quase colocam a porta ao chão.

- O ser carnal e o ser espiritual são unos. Meu exterior é como o seu. O meu interior é como Deus. Seu interior é um reflexo do meu. Mas a Luz pede que nosso interior volte ao conjunto. O interior e o exterior não podem mais ser diferentes. O caminho sou eu. Seu corpo é meu. Sou você. Você é Deus.

O pai atira duas vezes em direção ao louco. Acerta a cabeça e o estomago do homem. A porta vai ao chão e o templo é invadido. O vidro estilhaçado cai sobre seus ombros e os olhos se fecham e se abrem. Uma luz clara e quente os invade. Segue um estampido alto e um calor insuportável. Todos os vidros estouram. Gritos pavorosos, gemidos. Corpos pegando fogo, debatendo-se porta a fora. O pai de costas no chão duro, chamuscado, procurando a silhueta da filha nas bolas de fogo. Caem as lágrimas, desesperado. É tarde demais! É tarde demais...

O Erro

§ O navio da humanidade tem, ao que se julga, um calado [distância entre o ponto de flutuação e a quilha da embarcação] sempre maior, quanto mais carregado for, quanto maior, acredita-se que mais profundo é o pensamento do homem, tanto mais seu sentimento é terno, que quanto maior estima tiver de si próprio, tanto maior será o seu afastamento dos outros animais, que quanto mais ele aparecer como gênio entre os animais, tanto mais se aproxima da essência real do mundo e de seu conhecimento, mas julga faze-lo por meio de suas religiões e de suas artes. Estas foram, em verdade, uma floração do mundo, mas que não está de modo algum, mais próximo da raiz do mundo. Não se pode, de modo algum tirar delas uma melhor compreensão da essência das coisas, embora quase todos acreditem que sim. O Erro! O erro tornou o homem tão profundo, tão sensível, tão criativo, que produziu uma flor tal como são as religiões e as artes. O conhecimento puro não teria tido condições de faze-lo. - Quem desvenda-se a essência do mundo nos daria a todos a mais desagradável desilusão. Não é o mundo como coisa em si, mas o mundo como noção [Erro], que é tão rico de sentimento, tão profundo, tão maravilhoso, trazendo em seu seio a felicidade e a infelicidade. Esse resultado leva a um conceito da "negação lógica do mundo", a qual de resto, tanto pode conciliar com uma afirmação prática do mundo como o seu contrário.

sábado, setembro 29, 2012

Relato de experiência.


Uma lagarta verde, de feições bélicas, sempre andava por aquele jardim. Sim, era um jardim. Nada mais, nada menos: um jardim. Um jardim com grama curta, bem cortada, mas, em contraste, belas flores pareciam florescer ao natural. Flores roots, incivilizadas, ou melhor, anti-civilizatórias. Devia ser por esse motivo ideológico, do complexo cultural do grupo das flores anti, que a lagarta verde de feições bélicas – que sempre andava por aquele jardim – era olhada de forma torta, enviezada, carcomida. Devia ser por isso... Afinal, a lagarta verde – de feições bélicas – era uma destas de assustar. Vocês sabiam que ela quando mordia lambia os beiços e depois, displicentemente, tencionava a cabeça à esquerda? Além disso, o mais irritante era que ela pousava as patas umas sobre as outras, demonstrando sua superioridade diante do malgrado objeto de seu desprezo.

 

Eu sei que tudo isso parece muito estranho. Também parecia para mim, até o dia em que, ao desligar as luzes de natal do jardim, tomei uma baita mordida. Ela era assim, acreditem! Esnobe, civilizatória, debochada e de feições bélicas. Era uma lagarta e tanto! Suas decisões eram imediatas, sem frescor ou necessidade de esclarecimentos. Preto no branco. Isso ou aquilo. E as flores roots não gostavam dela. É verdade que o fato dela as comer pode ter alguma influência neste julgamento. Talvez elas nem possam exprimir seu juízo, como partes interessadas! É o que penso!

 

Neste tribunal de jardim, as coisas funcionavam assim. Um dedo a mais, um dedo a menos, já não me importava – naquela época – de ter mais dedos mordidos pela safada da lagarta verde – de feições bélicas -. A safada verde, alargatada, um dia sem eira nem beira, sem explicações ou circunstâncias, apareceu com uma nova sacada. Ela simplesmente subiu pela mangueira do jardim e comeu um pedaço da porcaria da borrachada da mangueira.

 

Vocês imaginem a cena! Uma lagarta verde – de feições bélicas – comendo uma mangueira. Isso nunca me havia ocorrido e as pobres flores anti também não – é claro. Tamanha foi a surpresa que as flores intervieram agressivamente: balançavam-se para um lado e para o outro em legítimo protesto anti-civilizatório. Como diabos poderia uma lagarta verde – de feições bélicas – morder e COMER uma mangueira de jardim de plástico? Mas, queridos amigos, não sei em que medida o vento ajudou, mas vi com estes olhos, que compõe meu rosto alerta, esta cena! E na medida em que a lagarta mastigava era como se o tempo ficasse em flashes, câmera lenta, e muito do que era natural se revelou e se desmanchou, como em um quadro de Salvador Dali. Derretidamente, indiscetamente e até inadivertidamente, cada vez mais seres tomaram aquele veneno visual para si, contorcendo-se internamente, inteiramente, inadivertidamente.

 

Nenhum ser mortal gostaria de ver aquela cena. E tão logo a lagarta verde – de feições bélicas – comeu o plástico da mangueira a água jorrou. Jorrou. Jorrou. Jorrou a água. A água jorrou sobremaneira. Imaginem! O quintal, o universo, parecia que tudo estava enxaguado. Muita morte aconteceu. Formigas viram tsunamis. E até o cachorro Bobby, de quem invejamos a imaginação, sucumbiu ao espanto.

 

Soube, de fontes preciosas, não de água ou mangueira, que a lagarta verde – de feições bélicas, dirigiu-se em um meio de transporte designa não oficialmente como jacaré, para um espaço estranho, distinto, invulgar. Lá, defrontou-se com alguns caminhos. Não sabia como voltar ao jardim, onde tudo começara. Pobre lagarta, pensei. Ela, por outro lado, o que haveria pensado para atravessar linhas tão perigosas?

 

Dizem as más línguas – floridas línguas – que a lagarta verde e humanizada (de feições confusas) nunca mais apareceu por estas bandas.

Você não está levando fé...


...mas se quiser, eu vendo um pouco da minha!

Antigamente, "" era vendida dentro de bonitas garrafas abaloadas, revestidas por papiro e com tampa de pedra pomes, vinha numa bonita cesta trançada de palha, volteada por damascos tenros e perfumados. Hoje em dia é produto que não é entregue de forma tão elegante.

Entrego o produto num belo embrulhinho de papel crepom, com fita de cetim e bilhetinho desejando Boas Novas e Temperança. 

Tratar aqui, no Tudismocroned

quinta-feira, setembro 27, 2012

Balaço da Absolvição em dó maior

Roda Punk de Cosme Damião


Jean-François Champollion - o pai de São Cosme e Damião. Produziu, açucarou e embalou o primeiro doce coletivo do Egito: A pedra de Rosetta - Sabor Caramelo.

Viva Cosme e Damião, a segunda artimanha mais bizarra para o rapto de crianças!

Dia que a bruxa velha coloca chumbinho na bala de hortelã e embala no papel escrito Slang Dãm.



Contorama da verdade alternativa




Agora versão definitiva em HD:

http://astromiau.blogspot.com.br/2014/08/antes-que-dicotomia-invencivel-nos-pegue.html