por Pedro Ivo Resende
Seu Moreira comprou uma Mercedes 78. Adaptou a buzina com o tema do Star Wars para ver se fazia sucesso entre as colegiais. Ele tinha uma fixação magnética no que chamava de "garotinhas com cheiro de chiclete Trident". Por isso parava o carro de vez em quando na saída do colégio Pedro II.
- Ei, doçura, vem cá. Te dou um picolé de carne.
As garotas gritavam e se escondiam atrás das amendoeiras, com medo. Ele não ligava. Despia a camisa, a calça e ficava de cueca e meia preta, tomando sol em cima do capô do carro. E era nisso que se resumia o seu expediente de velho tarado. Até a vez em que uma mulher finalmente entrou no carro do Seu Moreira. Era a Tia Lucinda, que se orgulhava de ainda menstruar aos 68 anos de idade ("Aqui minha calcinha, ó. Cheia de sangue"). Ela perguntou:
- Seu Moreira, você tem algo contra próteses?
- Próteses?
- É, membros mecânicos.
- Tenho sim.
- Problema seu. Vamos pra Goiás. Quero começar vida nova ao seu lado.
Nisso, uma colegial chega e pergunta:
- E aí, Seu Moreira, o picolé ainda está de pé?
Tia Lucinda se adiantou:
- Psiu, o picolé já tem dona. Sai daqui, sua franguinha!
A menina fugiu com medo e se escondeu atrás de uma amendoeira. Seu Moreira abaixou a cabeça e chorou durante duas horas. Depois ligou a Mercedes e foi pra Goiás. Combinou de rachar a gasolina com a Tia Lucinda.
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Seu Moreira e Tia Lucinda, pioneiros Pipenses, apóiam Madame Lili
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